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O Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) elevou a taxa dos Fed funds em 0,25 ponto porcentual, para a faixa entre 1,75% e 2%. A decisão desta quarta-feira foi unânime (8 a 0), marca a segunda elevação no ano de 2018 e traz indicações de que não será a última. A taxa de desconto também foi elevada em 0,25 ponto porcentual, para 2,50%. Logo após o anúncio, a Bolsa brasileira operava em queda de -2,28% e o dólar, que tinha aberto o dia em baixa, tinha virado e passado a subir, batendo os R$ 3,72. A fala do presidente do Fed, Jerome Powell, que ajudou a dar clareza ao movimento e prometeu dar entrevistas em todas as próximas decisões, e também a atuação do Banco Central ajudaram a arrefecer os efeitos da notícia no decorrer da tarde, o Ibovespa fechou em pequena alta de 0,87%, a 72.122 pontos, mas a tensão no mercado continua forte.

Com a elevação dos juros, espera-se uma fuga de investidores para aplicações mais seguras, como os títulos da dívida norte-americanos. Essa movimentação também colabora para a elevação do dólar diante de outras moedas, entre elas o real. Um segundo leilão de swaps por parte do Banco Central brasileiro ajudou a segurar a onda nesta quarta-feira (13). O dólar comercial fechou em R$ 3,71.

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As entrelinhas do comunicado divulgado com a decisão de elevar os juros para a faixa entre 1,75% e 2% ao ano ganharam destaque dos analistas. Cada palavra foi esmiuçada. A dúvida foi respondida pela sinalização de dois aumentos adicionais de juros até o fim deste ano – antes, a expectativa era de mais uma alta, na reunião de setembro. O motivo para a mudança foi uma economia mais forte e uma inflação que ganha fôlego no país.

Em relação ao comunicado de março, quando o Fed aumentou os juros pela primeira vez no ano, a atividade econômica passou a ser descrita como sólida, em vez de moderada. A taxa de desemprego, que antes continuou baixa, agora declinou. Os gastos de famílias, que tinham moderado em relação ao quarto trimestre segundo o comunicado de março, agora aceleraram.

A análise, feita por Bruno Braizinha, da área de alocação global de ativos do banco Société Générale, também mostra que o comitê de política monetária do Fed avalia que aumentos graduais na meta das taxas de juros são consistentes com a expansão sustentada da atividade econômica. 

A alta dos juros já era dada como certa pelo mercado. Os dois mandatos do Fed são máximo emprego e estabilidade de preços – a meta de inflação é de 2% ao ano. O nível de desemprego nos Estados Unidos está em 3,8%, menor patamar desde abril de 2000.

Em maio, foram criadas 223 mil vagas de trabalho nos Estados Unidos. Mas o Fed olha também para a possível pressão inflacionária gerada pelo aumento de salários. No mês passado, o crescimento foi de 0,3%, acima do previsto. 

Também em maio, o índice de preços ao consumidor teve o maior aumento anual em mais de seis anos. Nas projeções econômicas, além de sinalizar dois aumentos de juros neste ano e três em 2019, o Fed melhorou a perspectiva para o crescimento da economia americana em 2018: passou para 2,8%, ante 2,7% em março. 

Por outro lado, nenhuma linha foi dedicada às recentes turbulências que afetaram emergentes por causa do fortalecimento do dólar.

O Fed afirmou que, ao determinar o cronograma e o tamanho de ajustes futuros da taxa de juros, avaliará as condições reais e as esperadas para a economia, tendo em vista seus objetivos para inflação em 2%, com máximo emprego. “Essa avaliação levará em conta uma série de informações, incluindo medidas das condições do mercado de trabalho, indicadores de pressão inflacionária e expectativas para a inflação e leituras dos acontecimentos financeiros e internacionais”, diz o comunicado.

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