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Poupança retoma vantagem sobre fundo de renda fixa com aumento da taxa básica

Com o novo aumento do juro básico (a Selic) nesta quarta-feira (15) para 10,5% ao ano, a poupança retoma vantagem sobre o rendimento médio de fundos de renda fixa que havia sido parcialmente perdida na última elevação da taxa, em novembro de 2013, para 10% ao ano.

A projeção abaixo, da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), considera o novo juro básico. O grande benefício para a poupança agora é a Taxa Referencial (TR), que está mais alta. A projeção da Anefac é de taxa média de 0,09 ponto percentual em janeiro.

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Entidades do comércio, da indústria e sindicatos criticam alta da Selic

Representantes do comércio, da indústria e de sindicatos criticaram, em sua maioria, a decisão do Comitê de Política Monetária.

Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a decisão de hoje adia a retomada da indústria. "A inflação precisa ser contida, mas é necessário buscar alternativas para combatê-la que não penalizem tanto a atividade econômica e a vida das empresas e das pessoas", disse em nota Paulo Skaf, presidente da Fiesp.

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Para oposição, alta da Selic é remédio sem efeito

Líderes da oposição consideram que o aumento da Selic para 10,5% é o único remédio usado pelo governo Dilma Rousseff para tentar conter a pressão inflacionária, mas não tem surtido efeito. "O governo tenta, desesperadamente, conter o processo inflacionário adotando a surrada estratégia de aumentar as taxas de juros neste enfrentamento. É uma tentativa de compensar a falta de reformas estruturais, que ficaram no papel. (O governo) sofre pela falta de criatividade nos últimos anos", afirmou o vice-líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR).

O presidente nacional do DEM, senador Agripino Maia (RN), disse que o governo não tem alternativa. Mas a consequência da elevação da Selic será a inibição dos investimentos. De acordo com Maia, o governo continuará a aumentar as taxas básicas de juros para tentar segurar a inflação no patamar abaixo de 6,5%, o teto da meta estipulada. "As decisões do Copom serão injeções mensais de estricnina pura", afirmou, referindo-se a um veneno letal. Segundo ele, o governo Dilma deve subir a Selic também para assegurar a reeleição dela.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu por unanimidade, nesta quarta-feira (15), elevar a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, a 10,50% ao ano, mantendo o ritmo de aperto monetário. "Dando prosseguimento ao processo de ajuste da taxa básica de juros, iniciado na reunião de abril de 2013, o Copom decidiu por unanimidade, neste momento, elevar a taxa Selic em 0,50 p.p., para 10,50% ao ano, sem viés", informou o Copom em comunicado, praticamente repetindo o texto que utilizado no encontro anterior, acrescentando apenas a expressão "neste momento".

Foi a sétima alta seguida da taxa, que havia caído para um dígito em março de 2012 (para 9,75% ao ano, de 10,5% ao ano). A decisão confirmou a principal aposta dos economistas brasileiros, baseada no atual cenário de pressão inflacionária. A elevação dos juros é um instrumento usado pelo governo para conter o consumo, uma vez que o crédito (tanto empréstimos em instituições financeiras quanto parcelamentos em lojas, por exemplo) fica mais caro. E, com menos demanda, a inflação tende a ceder.

Para o futuro, as apostas dos economistas ouvidos pela reportagem variam. Alguns acreditam que a Selic fique estável a partir de agora até o fim de 2014 e outros preveem mais altas, com a intensidade a depender da inflação.

Na avaliação de André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, a Selic pode encerrar 2014 em até 11,25% ao ano, sendo mais duas altas em fevereiro e em abril, de 0,50 meio ponto percentual e 0,25 ponto percentual, respectivamente. "O BC tem que lidar com muitas questões [como inflação alta e crescimento fraco, por exemplo] ao mesmo tempo utilizando apenas um instrumento", diz.

Segundo ele, a aposta de elevação menor da Selic por parte do mercado desdenha da autoridade monetária. "É como se dissessem: este BC aí não vai fazer o que tem que ser feito porque está comprometido com o projeto de reeleição", afirma. O economista defende a independência do Banco Central e diz que a autoridade "está fazendo tudo que pode para conduzir o sistema de metas em um planeta que mandou às favas os bons modos monetaristas através de estímulos econômicos nos EUA, no Japão e na Inglaterra."

Já o economista Luciano Rostagno, do Banco Mizuho, afirma que a atividade econômica fraca do país, principalmente pelo desempenho da indústria, deve impedir o BC de subir muito mais a Selic. "Indicadores de atividade da indústria sugerem que a produção do setor registrou forte queda na margem em dezembro, após sofrer ligeira contração em novembro."

Inflação sob controle

A taxa de juros é o instrumento utilizado pelo BC (Banco Central) para manter a inflação sob controle ou para estimular a economia.

Se os juros caem muito, a população tem maior acesso ao crédito e consome mais. Esse aumento da demanda pode pressionar os preços caso a indústria não esteja preparada para atender um consumo maior.

Por outro lado, se os juros sobem, a autoridade monetária inibe consumo e investimento que ficam mais caros, a economia desacelera e evita-se que os preços subam ou seja, que haja inflação.

Com a redução da taxa básica de juros (Selic), o BC também diminui a atratividade das aplicações em títulos da dívida pública. Assim, começa a "sobrar" um pouco mais de dinheiro no mercado financeiro para viabilizar investimentos que tenham retorno maior que o pago pelo governo. Se a taxa sobe, ocorre o inverso.

É por isso que os empresários pedem cortes nas taxas, para viabilizar investimentos, ainda mais em tempos de crise, como agora. Nos mercados, reduções da taxa de juros viabilizam normalmente migração de recursos da renda fixa para a Bolsa de Valores.Em um cenário normal, é também por esse motivo que as Bolsas sobem nos Estados Unidos ao menor sinal do Federal Reserve (BC dos EUA) de que os juros possam cair.Quando o juro sobe, acontece o inverso. O investimento em dívida absorve o dinheiro que serviria para financiar o setor produtivo.

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