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Aumento dos juros dificultará recuperação da economia, avalia CNI

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) criticou a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa básica de juros da economia brasileira em meio ponto porcentual.

Para a CNI, o aumento dos juros dificultará recuperação da economia. No início da noite desta quarta-feira, o Copom resolveu, por unanimidade, elevar a Selic de 11,75% para 12,25% ao ano.

Em nota, a CNI avalia que os efeitos diretos da elevação dos juros são o aumento dos custos dos financiamentos, a dificuldade de acesso ao crédito e a consequente redução do consumo das famílias e dos investimentos das empresas.

De acordo com a confederação, manter a estabilidade e buscar o ajuste fiscal é importante para criar um ambiente de credibilidade e confiança no país, que estimule os investimentos e a competitividade da indústria brasileira.

Economistas divergem sobre nova alta de juros neste ano

A atividade econômica enfraquecida deve fazer com que o Banco Central seja mais comedido com aumentos da Selic este ano, avalia o economista-chefe da SulAmérica Newton Rosa.

Para ele, o atual ciclo de alta dos juros não deve se prolongar, diante da promessa do governo de uma política fiscal mais contracionista ao lado de uma desaceleração econômica.

No terceiro trimestre do ano passado, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu 0,1%, abaixo das expectativas.

E o baixo crescimento deve se manter em 2015. De acordo com o Focus, a estimativa para a expansão do PIB neste ano é de 0,38%. A indústria continua sendo um peso sobre a atividade em geral, com a projeção de expansão neste ano recuando a 0,71%, contra 1,02% anteriormente.

Para Rosa, os dados preocupantes sobre a fraca atividade econômica do país devem fazer com que o BC encerre o ciclo de aperto monetário nesta reunião.

Outros economistas, porém, veem mais um aumento da Selic na reunião de março. Patrícia Krause, economista-chefe da Coface para a América Latina, acredita que o Copom deve elevar a taxa básica em 0,25 ponto porcentual em março, o que deixaria o juro em 12,5% ao ano.

Segundo ela, a desaceleração econômica pela qual o país passa impede que a Selic termine o ano em 13%. "Há toda uma preocupação com racionamento de energia, que vai acabar afetando o crescimento econômico", diz.

Pela terceira vez seguida, o Banco Central (BC) reajustou os juros básicos da economia. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou nesta quarta-feira (21) a taxa Selic em 0,5 ponto porcentual, para 12,25% ao ano.

O órgão manteve o ritmo do aperto monetário. Na reunião anterior, no início de dezembro, a taxa também tinha sido reajustada em 0,5 ponto.

A decisão do Copom foi tomada dois dias depois que o Ministério da Fazenda aumentou impostos de importação, de crédito, para o setor de cosméticos e para os combustíveis. As medidas podem ser um agravante para a já esperada estagnação da economia este ano.

Mais cedo, na Suíça, o titular da pasta, Joaquim Levy, disse que o Brasil poderá registrar um Produto Interno Bruto (PIB) negativo em algum dos trimestres de 2015 e que o desempenho da economia brasileira estaria próximo a zero.

Apesar disso, as ações foram bem recebidas pelo mercado porque significariam maior austeridade do governo, ajudam na eficácia da política monetária e auxiliaram até na valorização do real, o que é um problema a menos para a inflação que o BC promete controlar.

A questão é que, ao mesmo tempo, esse aumento da carga gera outras pressões sobre os preços, principalmente os administrados pelo governo, que já estão mais sobrecarregados este ano.

"Apesar de o colegiado estar olhando para 2016 e aceitando uma maior inflação corrente, é importante perceber que a batalha contra as salgada expectativas de inflação está longe de ser vencida e passa por combater com ações efetivas os choques atuais, que encontram na perda de credibilidade da autoridade monetária e no pleno emprego ambiente propício para gerar os chamados efeitos de segunda ordem", afirma o banco Pine em relatório.

Para Nicolas Tingas, economista-chefe da Acrefi (que reúne instituições de crédito e financeiras), a alta foi compatível com o que o mercado esperava. "O Banco Central não quer trazer a inflação para a meta este ano. Apenas sinalizar ao mercado que está observando o aumento de preços e também impedir que a economia desacelere mais", afirma.

Em alta

Com o reajuste, a Selic chega ao maior percentual desde agosto de 2011, quando estava em 12,5% ao ano. A taxa é o principal instrumento do BC para manter a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), dentro da meta estabelecida pela equipe econômica.

De acordo com o Conselho Monetário Nacional, o centro da meta de inflação corresponde a 4,5%, com margem de tolerância de 2 pontos percentuais, podendo variar entre 2,5% (piso da meta) e 6,5% (teto da meta).

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IPCA somou 6,41% em 2014. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, o IPCA encerrará 2015 em 6,67%, acima do teto da meta.

A projeção deve subir nas próximas semanas por causa dos aumentos da energia, dos combustíveis e da alta de tributos sobre produtos importados anunciados recentemente pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Embora ajude no controle dos preços, o aumento da taxa Selic prejudica o reaquecimento da economia, que ainda está sob efeito de estímulos do governo, como desonerações e crédito barato.

De acordo com o boletim Focus, analistas econômicos projetam crescimento de apenas 0,38% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma dos bens e serviços produzidos pelo país) neste ano.

Efeitos

A taxa Selic é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve como referência para as demais taxas de juros da economia.

Ao reajustá-la para cima, o BC contém o excesso de demanda que pressiona os preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Quando reduz os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas alivia o controle sobre a inflação.

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