
O cenário para o mercado de crédito apresentou perspectivas de melhora em abril, de acordo com números divulgados ontem pelo Banco Central. A "Pesquisa de Condições de Crédito", uma sondagem feita pela autoridade monetária com executivos de 46 instituições financeiras, mostrou redução nas taxas de juros, spread menor e indica uma tímida tendência de melhora na aprovação do crédito para o segundo trimestre do ano.
A pesquisa foi apresentada em Curitiba pelo diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, que divulgou também o Boletim Regional Trimestral de abril (veja mais sobre o boletim na reportagem acima). Fazem parte do levantamento avaliações sobre a oferta, demanda e aprovação de crédito. Quatro grandes áreas foram contempladas: grandes empresas; micro, pequenas e médias empresas; crédito de consumo e habitacional.
Na avaliação dos executivos entrevistados, o nível de aprovação de empréstimos para pessoas físicas e grandes empresas ainda deve se manter restrito no segundo trimestre. Apenas para os setores de habitação e de micro, pequenas e médias empresas a aprovação deve aumentar, embora em pequena escala.
O patamar elevado da inadimplência não preocupa a instituição. Araújo defende que o crescimento no total de devedores se deu de forma localizada, e graças a um relaxamento nas concessões de crédito passadas por esse ponto de vista, as restrições atuais são saudáveis. "Avaliamos que condições favoráveis no mercado de trabalho, a melhora na renda, redução nos juros e a maior atividade econômica devem reduzir a taxa de inadimplência", disse. Para ele, com custos de carregamento da dívida menores o quadro fica mais favorável.
Mais oferta
De acordo com o diretor do BC, houve redução nas taxas de juros e no spread bancário. Para pessoas físicas os juros caíram 2,3 pontos porcentuais, enquanto para pessoas jurídicas a redução foi de 1,4 ponto. Na média, a redução foi de 2 pontos porcentuais no mês de abril, ficando em 35,3% ao ano. O spread caiu 0,9 ponto para pessoas físicas e 1,5 ponto na média. O diretor avalia que isso representa uma melhora na confiança do setor, mas não é possível estimar quedas maiores nas taxas. "Não sabemos até quanto podem ser reduzidas, pois isso varia de banco para banco", afirmou.
Outro ponto favorável para o setor foi a ampliação na oferta diária de crédito, que cresceu 6% na comparação entre março e abril. Para pessoas físicas o valor subiu ainda mais, 8,1%. O diretor destacou que o estoque total de crédito deve crescer 15% neste ano, mas que isso não corresponde a uma meta. "O valor pode ser reavaliado e em junho iremos divulgar uma nova projeção, que pode ou não mudar esse nível", disse.
Ele flutua
Ao ser questionado sobre a recente oscilação do câmbio, Araújo foi irônico. "O câmbio é flutuante, logo flutua", afirmou. Na opinião dele, as únicas preocupações são com a volatilidade e vulnerabilidade do mercado e, portanto, a taxa não pode ser vista como uma meta. "Se percebermos que o mercado não está funcionando apropriadamente, usamos ferramentas para fazer a correção, e isso inclui o câmbio", acrescentou.
Diretor promete inflação dentro da meta em 2012
Carlos Hamilton Araújo, do Banco Central, reiterou na apresentação de ontem que a inflação está convergindo para o centro da meta para este ano, de 4,5%, e que isso deve continuar ao longo de 2012. Segundo ele, um dos fatores que vão contribuir para esse desempenho favorável do Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, são os preços das commodities. "Há dinâmica relativamente benigna nos preços das commodities", disse.
Araújo apontou ainda que o BC projeta expansão de crédito de 15% neste ano. "Há expansão moderada do crédito no país", comentou. Ele destacou que o nível de atividade apresenta tendência de aceleração no decorrer de 2012, embora tenha reconhecido que a economia mundial enfrenta um período de baixo crescimento generalizado. "Há alguns países em recessão", afirmou. Araújo destaca que há riscos associados ao processo de desalavancagem nos principais blocos econômicos do planeta, o que destaca mudanças no padrão de crescimento de economias emergentes.



