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política monetária

BC indica que alta dos juros pode ser menor

Ata do Copom sinaliza que Banco Central estuda trocar novos aumentos na Selic por medidas como as adotadas no fim do ano passado

Prédio do BC, em Brasília: ata indica que inflação acumulada seguirá subindo | DidaSampaio/AE
Prédio do BC, em Brasília: ata indica que inflação acumulada seguirá subindo (Foto: DidaSampaio/AE)

O Comitê de Política Monetária (Copom) abriu a porta para lançar mão de novas medidas complementares à alta dos juros no esforço de combate à inflação, consolidando a nova abordagem "híbrida" do Banco Central, sob o comando de Alexandre Tombini. Na ata da última reunião, divulgada ontem, o BC apresentou pela primeira vez um cenário alternativo aos que normalmente coloca no documento, mostrando que, se o dólar seguir no nível recente e os juros subirem como espera o mercado, a inflação em 2012 já cairia abaixo da meta de 4,5%.

Além disso, no mesmo contexto, o órgão sugeriu que "eventuais" novas medidas macroprudenciais (como o aperto no crédito e o aumento do compulsório dos bancos, de dezembro) poderiam levá-lo a reavaliar a estratégia de juros. Boa parte do mercado leu esse novo parágrafo da ata como indicação de que o ciclo de aperto está próximo do fim e a Selic só subirá mais uma vez, em 0,5 ponto porcentual.

De acordo com a ata, o quadro inflacionário continuou complicado desde a reunião de janeiro. Na visão do Copom, apesar dos choques de alimentos e de tarifas de ônibus urbanos, a inflação também reflete a continuidade do chamado "descompasso entre oferta e demanda" – isto é, a incapacidade da economia de produzir bens e serviços no volume que os consumidores têm procurado ainda pressionaria preços, embora a perspectiva seja de que esse descompasso diminua, refletindo os ajustes nos juros, no crédito e o aperto fiscal promovido pelo governo, que foi elogiado no documento do BC.

"Importantes decisões foram tomadas e executadas, as quais apoiam a visão de que, no início deste ano, teve início um processo de consolidação fiscal", destacou a ata, em referência ao corte de R$ 50 bilhões no Orçamento. Essa declaração sobre o esforço fiscal e a política de atuar não só com juros, mas também com outros instrumentos para combater a inflação, mostram que o BC se alinha cada vez mais ao Ministério da Fazenda de Guido Mantega, com quem a autoridade monetária vivia às turras na gestão Henrique Meirelles.

Inflação

De acordo com o BC, a inflação terá dois comportamentos distintos. O primeiro, que deve durar até por volta de setembro, é de índices elevados no acumulado de 12 meses, até maiores que os atuais (ao redor de 6% para o IPCA). A partir do fim do ano, contudo, a diretoria enxerga desaceleração do IPCA e convergência para a meta.

"A diretoria do BC parece estar buscando uma forma de inserir novas ideias nos participantes do mercado sobre as perspectivas de inflação, já que seus pensamentos não estão ajudando-o a cumprir seu dever nesse sentido", disse o economista-chefe do BES Investi­mento, Jankiel Santos, em relatório. "A nosso ver, soa como uma tentativa para acalmar as mentes preocupadas e para sinalizar que um processo de aperto monetário agressivo não está no radar", acrescentou Santos, para quem o BC confia em sua estratégia.

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