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O Banco Central liberou nesta quarta-feira (20) outra parcela do compulsório a prazo, com potencial para injetar mais R$ 10 bilhões no mercado de crédito. A medida surge em meio a um cenário de desaceleração e serve como tentativa de estímulo à economia.

Em julho, o BC já havia liberado parte desse compulsório - recursos que os bancos são obrigados a manter depositados no Banco Central - para que grandes bancos pudessem comprar operações de crédito de instituições menores ou usassem o dinheiro diretamente para empréstimos ao consumidor em negócios com veículos e motos.

Naquela ocasião, a entidade monetária estimava em R$ 30 bilhões o impacto da medida, que liberava 50% do compulsório a prazo para tais operações.Nesta quarta-feira (20), o Banco Central mudou para 60% o percentual dos recursos que poderão ser usados em operações de crédito, elevando para R$ 40 bilhões o dinheiro disponível.

"Os ajustes consideram a fase atual do ciclo de crédito no Brasil e se inserem nos processos de revisão das medidas macroprudenciais adotadas a partir de 2010", informou o BC.

O depósito compulsório é um dos instrumentos que o Banco Central usa para controlar a quantidade de dinheiro que circula na economia. O mecanismo influencia o crédito disponível e as taxas de juros cobradas.

Por meio do compulsório, os bancos são obrigados a depositar em uma conta no próprio BC parte dos recursos captados dos seus clientes nos depósitos à vista, a prazo ou poupança.

Quando reduz o compulsório, o BC dá aos bancos mais dinheiro para emprestar aos seus clientes. Isso pode ajudar a reduzir os juros bancários ou, em momentos de mais escassez de dinheiro, impedir que sequem as fontes de crédito para o consumidor e para empresas.

O banco também flexibilizou o requerimento de capital para risco nas operações de crédito ao restabelecer em 75% o fator de ponderação de risco (FPR). Esse índice será usado em todas as operações de crédito de varejo, independentemente do prazo.

Julho

As medidas anunciadas em julho representavam, naquela ocasião, um estímulo total de mais de R$ 45 bilhões. Com as alterações de hoje, chegam a R$ 55 bilhões. A liberação dos recursos, entretanto, dependerá da vontade dos bancos de emprestar.

Hoje, o total de crédito na economia é de quase R$ 3 trilhões.

Quando anunciou as alterações, o O BC disse que as mudanças, anunciadas um dia após a instituição afirmar que não irá cortar os juros por causa da desaceleração econômica, não alteram suas projeções para a inflação.

PSI e empresas

No mês passado, o BC também permitiu que um número maior de bancos utilize 20% do compulsório sobre depósitos a vista para fazer empréstimos dentro do PSI (Programa de Sustentação do Investimento), linha de crédito criada na crise 2008 para financiar a produção com juros mais baixos. Essa medida tem impacto de mais R$ 200 milhões.

O governo também mudou regras para estimular empréstimos acima de cinco anos (60 meses) ao consumo. Para isso, decidiu que o capital que os bancos precisam ter para cobrir essas operações mais longas pode cair de acordo com o pagamento de prestações. A medida libera outros R$ 10 bilhões.Um empréstimo acima desse período exigia do banco o dobro de capital até a quitação da operação. Agora, a exigência cai quando o número de prestações a vencer for menor que 60 meses.

Essa medida pode ter impacto, principalmente, no crédito automotivo e consignado, embora se direcionada a todo o crédito ao consumo.Por fim, o BC estimulou empréstimos a pequenas empresas (até R$ 3,6 milhões de faturamento bruto anual), com impacto estimado de R$ 5 bilhões. Hoje, a exigência de capital praticamente inviabiliza que o banco empreste mais de R$ 600 mil para uma mesma empresa. O estímulo visa esticar esse limite para R$ 1,5 milhão.

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