O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central avalia que a apresentação da proposta de arcabouço fiscal reduziu as incertezas em relação à política fiscal do governo. Por outro lado, o colegiado diz ver "com preocupação" o movimento das expectativas de inflação, que "seguem desancoradas das metas", e promete "perseverar" até que se consolide o processo de desinflação e ancoragem das projeções.
Os comentários constam da ata da última reunião do Copom, finalizada na última quarta-feira (3), quando o comitê decidiu mais uma vez manter a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano, patamar em que está desde agosto de 2022.
Em meio a críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de ministros sobre a política monetária do BC, a ata divulgada nesta terça (9) não dá margem a especulações sobre uma queda dos juros no curto prazo. Ao contrário, reforça alertas anteriores feitos pelo Copom e por seus integrantes, como o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em especial sobre o comportamento das expectativas para a inflação, que seguem acima das metas perseguidas pela autoridade monetária.
O texto da ata diz que a inflação ao consumidor continua elevada e que "os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, que apresentam maior inércia inflacionária, mantêm-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta".
Embora afirme que a apresentação do novo regime fiscal reduziu a incerteza associada a "cenários extremos de crescimento da dívida pública", o Copom diz que acompanhará a tramitação e implementação do arcabouço, enfatizando que "não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal".
No trecho final do documento, o comitê diz que "segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação".
O colegiado avisa que "irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas" e que, embora seja menos provável, "não hesitará em retomar o ciclo de ajuste [isto é, alta de juros] caso o processo de desinflação não transcorra como esperado".
XP e Bradesco não esperam queda de juros nas próximas duas reuniões
Em relatórios publicados nesta manhã, após a divulgação da ata, casas como a XP Investimentos e o banco Bradesco indicaram não ver chance de queda da taxa Selic nas próximas duas reuniões do Copom, marcadas para junho e agosto.
Para Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos, a ata indica que a Selic ficará estável "por um bom tempo". "Esse parece o plano de voo do BC. Certamente nenhum sinal de corte de juros para a próxima reunião do Copom. Agosto também não parece estar no radar hoje para cortes, mas vamos ver como evolui o cenário até lá", escreveu Megale em mensagem a clientes.
Na avaliação do departamento econômico do Bradesco, "o comitê avaliou que a conjuntura segue demandando paciência e serenidade, não trazendo sinais de que poderá iniciar a flexibilização monetária no curto prazo". "Seguimos projetando início do ciclo de corte de juros em setembro e a taxa Selic encerrando o ano em 12,25%, a depender da evolução dos dados", diz relatório do banco.
-
Governo deve ampliar interferência política na Petrobras; o que esperar do futuro da empresa
-
Lula politiza o drama gaúcho e escala Paulo Pimenta para incomodar Eduardo Leite; acompanhe o Sem Rodeios
-
Lula anuncia voucher de R$ 5,1 mil para famílias desabrigas do RS e oficializa ministério da reconstrução
-
Lewandoswki quer União no controle da Segurança Pública; modelo é adotado em Cuba e na Venezuela
Paulo Guedes: “Nós faríamos tudo de novo e com mais intensidade”
Governo deve ampliar interferência política na Petrobras; o que esperar do futuro da empresa
Não vai faltar arroz no Brasil, apesar do governo Lula criar alarme no mercado
Tributaristas defendem que governo permita doação de Imposto de Renda para socorrer o RS
Deixe sua opinião