
A economia diminuiu de tamanho no terceiro trimestre. Levantamento do Banco Central indica que a atividade econômica caiu 0,32% na comparação com o período entre abril e junho. Essa foi a primeira retração desde o primeiro trimestre de 2009 quando o país girava no turbilhão da crise passada.
O dado negativo era esperado. Agora, analistas aguardam o efeito da ação do governo para incentivar a economia. Se as medidas forem bem-sucedidas, o país volta a crescer. Mas, se a crise ganhar força, o Brasil pode fechar o ano em recessão.
Divulgado ontem, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) confirma a leitura da própria instituição de que, após o rápido crescimento em 2010 e a moderação no primeiro semestre, o Brasil sentiria a piora do quadro internacional de maneira mais pronunciada. A queda do IBC-Br é prenúncio de retração do Produto Interno Bruto (PIB), já que o dado é considerado uma prévia do indicador que mede o tamanho da economia.
O recuo da atividade é reflexo de indicadores como os elevados estoques das empresas e a queda na produção industrial. Nem mesmo a ligeira expansão de 0,02% em setembro ante o mês anterior foi suficiente para anular a retração de agosto, quando a economia apresentou o pior desempenho desde dezembro de 2008. "O dado confirma indicadores que sinalizavam enfraquecimento de vários setores", disse a economista-chefe do Banco Fibra, Maristella Ansanelli.
Os pátios cheios mostram que as montadoras despontam como um dos segmentos que, atualmente, mais sofrem com a crise. Além disso, o ambiente turbulento tem colocado na gaveta planos de investimentos dos empresários, o que também prejudica a demanda interna.
Recessão
A retração trimestral preocupa o governo porque é o primeiro passo para uma recessão. Como os rumos da Europa são completamente imprevisíveis e a demanda interna pode continuar patinando, há chance de o último trimestre ter nova diminuição da atividade econômica. Com temor de que o primeiro ano do governo Dilma Rousseff termine com dois trimestres seguidos de queda do PIB situação que tecnicamente configura a recessão, o governo age para tentar reverter a situação.
Primeiro, reduziu os juros em agosto. Na semana passada, incentivou operações de crédito para consumo e, agora, estuda cortar impostos para baratear financiamentos e reduzir a obrigação que bancos têm de manter dinheiro no BC, o que elevaria a oferta de empréstimos. Para Maristella, do Banco Fibra, as ações do governo podem gerar efeito a tempo e a economia pode crescer entre 0,3% e 0,5% no último trimestre, o que afastaria a recessão.



