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Amigos - Grupo domina o mercado

O comerciante José Fábio Bertarelli Júnior e a esposa Matiele fazem parte de um grupo de amigos/primos/irmãos que espalhou o modelo atual de lojas de bijuteria pelas capitais brasileiras e interior de São Paulo. "Temos uma rede de pelo menos 15 pessoas, que atuam em territórios diferentes", diz Júnior, que além de quatro lojas em Curitiba, também é sócio do irmão em lojas de Aracaju e Maceió.

Pelas regras da "rede", um amigo não invade o território do outro. "Tive um sócio em Curitiba e depois separamos as lojas. Até hoje, se me oferecem um ponto comercial na área em que ele atua, ofereço para ele", explica Júnior.

Segundo o comerciante, este tipo de loja surgiu há sete anos, em São Paulo, depois que atacadistas cansaram de levar calote de clientes. "Eles viram que ganha mais quem monta loja de varejo", diz. A amizade ajuda com um poder de negociação maior. "Quando há uma promoção para grandes quantidades, a gente compra em conjunto e divide. Isso é um diferencial que deve ajudar no futuro, porque conseguimos trabalhar com custos mais baixos e oferecer um preço melhor", prevê.

Haja cabelo e vaidade para tanta loja de bijuteria no Centro de Curitiba! Abarrotadas de rabicós, piranhas, tiaras, presilhas, brincos, anéis, colares, lenços e cintos a preços atraentes, elas se multiplicaram nas ruas mais centrais nos últimos dois anos. Existem pelo menos 20, apenas no entorno da Rui Barbosa e da Praça Tiradentes – quatro delas em uma só quadra da Rua Voluntários da Pátria.

"O bom é que a gente chega com R$ 10 e sai com um monte de coisas", diz a técnica em enfermagem Salete Zuconelli da Silva, de 38 anos, consumidora de prendedores de cabelo neste tipo de loja. O preço baixo e a variedade é certamente o que atrai as clientes. Cada loja destas tem pelo menos uns 30 artigos diferentes, com uma infinidade de modelos que chega a colocar mais de 100 mil itens em exposição, todos de origem chinesa. Basta uma moeda de R$ 0,25 para sair com um tictac (presilha pequena que está na moda entre as meninas). Com R$ 1 é possível comprar um par de brincos.

Com preços tão atraentes, é difícil encontrar uma loja destas completamente vazia. "O pessoal via a quantidade de gente neste tipo de loja e pensava que o negócio dava bastante dinheiro, acho que por isso abriram tantas. Mas a média de gasto por cliente é pequena, tem de vender muito para lucrar", diz Chahnaz Hamdar, que há dois anos tem loja de bijuterias na Rua Voluntários da Pátria.

Certamente foi a inspiração na loja dos outros que levou outras tantas a abrirem. Basta olhar para elas para saber: são praticamente idênticas. Quem viu uma, viu todas. As lojas são relativamente espaçosas, com uma gôndola central – feita de caixas de vidro repletas de piranhas, fivelas e outras miudezas – e as paredes (de preferência cor-de-rosa no topo) são forradas por correntes, pulseiras e lenços pendurados em ganchinhos. "Teve até marceneiro entrando na loja e tirando a medida, sem contar as várias pessoas que vieram tirar fotos da loja", conta José Fábio Bertarelli Júnior, que já tem loja há cinco anos também na Rua Voluntários da Pátria.

O movimento nas lojas dos vizinhos levou o comerciante Celso Szmargowicz a mudar de ramo, depois de 10 anos tocando uma loja de artigos para festas, que já não estava mais dando bons resultados. "Ganhei com a praticidade do sistema operacional, porque não preciso de controle de estoque tão rígido quanto antes. Mas sinto falta daqueles clientes fiéis, que vinham todo ano comprar a festa dos filhos aqui", comenta, um ano e meio após a troca.

A concentração de tantos comerciantes deste ramo na mesma quadra não incomoda a catarinense Juliana Dias, que há dois meses abriu uma loja também na Voluntários da Pátria. "A concentração criou um ponto de passagem deste tipo de cliente", diz.

Fora daquela rua, o casal de chineses Carlos Sheng Bing Kun e Raquel Lee tem três lojas de bijuterias na região da Praça Tiradentes. Após 24 anos administrando lanchonetes na cidade, eles resolveram partir para as bijuterias um ano atrás. "Dá o mesmo dinheiro, só que com menos trabalho. Lanchonete tem muito serviço e detalhes de limpeza, por causa da fiscalização", diz.

Compradores assíduos dos importadores que têm escritórios nas região da Rua 25 de Março, no Centro de São Paulo, os comerciantes das lojas de bijuterias chegam a viajar a cada 15 dias para fazer compras. "E pior que, quando a gente volta, descobre que já tem produto acabando", comenta Matiele Bertarelli, que acompanha o marido nas compras.

As mulheres fazem a festa com a variedade. Até para quem trabalha nas lojas, as bijuterias são uma tentação. "Para a gente é difícil resistir. Agora eu estou me contendo, porque já cheguei a gastar R$ 100 em um mês com bijuteria", conta a gerente de uma loja na Rua XV, Silmara Richeski, de 23 anos. "Tinha uma menina que trabalhava aqui que praticamente não recebia salário. Pegava tudo em mercadoria."

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