
São Paulo - O preço dos tocadores de Blu-ray, mídia de alta definição que promete substituir o DVD, finalmente caiu. Quando foram lançados no Brasil, em 2007, os aparelhos custavam R$ 5 mil. Em dois anos, o preço despencou e já dá até para encontrar um tocador por a partir de R$ 1 mil. Parece promissor. Entretanto, o corte no preço precisa se espalhar para o formato emplacar.
O grande problema hoje ainda é o preço dos filmes que, mesmo embalados no Brasil, não são fabricados por aqui e sim importados, o que aumenta seu custo devido aos impostos. Isso faz que um lançamento custe, em média, o dobro que em DVD. A promessa dos fabricantes é que essa situação mude a partir do final deste ano quando os discos em alta definição começarem a ser fabricados no Brasil.
Nos EUA, a diferença de preço é menor. Um disco de Blu-ray é de US$ 5 a US$ 10 mais caro que o DVD. Espera-se ainda que ela acabe por sumir com a adoção em massa do formato. Difícil é saber quanto tempo isso vai levar, porque a popularização tem andado a passos lentos.
De qualquer forma, o Blu-ray já é uma tecnologia emergente no Brasil. Entre janeiro e julho deste ano, a venda de filmes no formato cresceu 240,5%, em comparação com o mesmo período de 2008, de acordo com a União Brasileira de Vídeo (UBV). Durante um bom tempo cerca de cinco anos, segundo especialistas na área , os dois formatos irão conviver.
Um dos obstáculos é que muita gente não vê vantagem de uma mídia em relação à outra. A transição do VHS para o DVD foi mais fácil de ser assimilada por questões de armazenamento. A fita era grande e vulnerável estava sujeita, por exemplo, a bolor. O disco mostrava-se pequeno e resistente. Já o Blu-ray, a olho nu, não é diferente de um DVD.
Sua superioridade só pode ser percebida em um aparelho de tevê de altíssima definição (Full HD), que ainda está à disposição de poucos. Só assim a evolução na qualidade da imagem fica clara. E sem um sistema de som adequado perde-se também parte da experiência. Ligar o novo formato a uma televisão de tubo não serve para muita coisa.
Com tantos requisitos para aproveitar o que o Blu-ray tem a oferecer, não é de estranhar que a adoção do formato venha sendo lenta. Apenas quando os preços forem equivalentes e os consumidores estiverem equipados para aproveitar o que o novo formato oferece é que ele será massificado. Resta saber: quando esse momento chegar, a internet já não terá engolido a mídia física?
É difícil encontrar na indústria alguém que responda que sim. Afinal, é no mínimo complicado para um executivo, que administra um negócio (o de entretenimento doméstico) que ainda gera forte receita (a maior obtida pelos estúdios), assumir que seu modelo está com os dias contatos. Uma das raras vozes dissonantes é Reed Hastings, presidente da Netflix, maior locadora do mundo, que criou o modelo amplamente copiado em que os clientes escolhem os filmes pela web e os recebem em casa, pelo correio.
Ele prevê que entre quatro e nove anos a transmissão de filmes pela rede irá se tornar majoritária no seu negócio. Hoje, cerca de 20% dos assinantes já usam seu serviço de streaming.
Se ele estiver certo, isso quer dizer então que a mídia física vai morrer? Não tão cedo. Assim como o disco de vinil, que experimenta um ressurgimento nos últimos anos e se tornou um produto de nicho, o futuro do Blu-Ray pode estar nas luxuosas edições de colecionador, recheadas de conteúdo extra. Eis o caminho a ser trilhado pelos fabricantes para garantir a sobrevida do formato que surgiu há tão pouco tempo: ao lado dos saudosistas.



