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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) espera que o Tesouro Nacional destine mais recursos para a instituição em 2010, depois da injeção de 100 bilhões de reais neste ano, afirmou o superintendente da área de acompanhamento econômico do BNDES, Ernani Torres.

"Deve ter alguma coisa já no início do ano que vem, não porque o BNDES vá precisar de dinheiro, mas para estabelecer claramente o papel do BNDES e o tamanho do banco para 2010 e 2011", afirmou Torres à Reuters nesta quinta-feira (24), por telefone.

O governo federal anunciou em janeiro a destinação de 100 bilhões de reais ao BNDES sob a forma de títulos públicos, para garantir ao banco de fomento condições de suprir a demanda por financiamentos em meio à crise global.

Questionado sobre o valor de um possível novo aporte, o superintendente do BNDES afirmou que o montante pode ser similar ao deste ano. "Pode ser um pouco menos, mas não muito menos. Se for uma coisa olhando um ano e meio a 2 anos, pode ser até maior."

Segundo Torres, o aporte de capital no banco seria um "elemento de estabilização" em ano de eleições presidenciais, evitando que ocorra "uma contaminação desnecessária da política no investimento".

A demanda por financiamentos do BNDES segue aquecida, revelou, mesmo com a retomada do mercado de capitais, que ficou restrito no Brasil e no exterior entre o final do ano passado, depois do colapso do banco norte-americano Lehman Brothers, e os primeiros meses de 2009.

Ele disse ainda que o acesso ao mercado de capitais neste momento está mais ligado a busca de recursos por empresas para reforço de liquidez e reestruturação de passivos, e não processos de investimentos.

"Mesmo no período áureo, antes de setembro de 2008, o dinheiro captado pelas empresas no mercado de capitais tinha um impacto pequeno sobre o investimento no Brasil", comentou.

O BNDES estima que de 55 a 60 por cento do investimento feito no Brasil deriva de lucro retido das empresas, enquanto o banco de fomento responde por fatia de 20 a 25 por cento. A menor parcela, portanto, é obtida via mercado de capitais, com ações, debêntures ou bônus no exterior, entre outros instrumentos.

OPERAÇÕES ATÍPICAS

Nos sete primeiros meses do ano, os desembolsos do BNDES atingiram recorde de 75,1 bilhões de reais, alta de 65 por cento ante igual intervalo de 2008.

O BNDES participou também do socorro de empresas nacionais que tiveram problemas financeiros durante a crise, caso de Aracruz e Sadia, que tiveram perdas bilionárias com apostas em derivativos de câmbio.

Agentes do mercado têm criticado a forte presença do banco público, argumentando prejuízo ao mercado de capitais. A instituição defende sua atuação anticíclica para estimular investimentos.

"Estivemos ligados a esses problemas de liquidez nas operações atípicas que o banco fez... Essas operações já começaram a perder fôlego naturalmente, à medida que o mercado (de capitais) está voltando", afirmou Torres.

Esse processo terminou com a incorporação da Aracruz pela VCP, dando origem à Fibria, e da Sadia pela Perdigão, criando a Brasil Foods.

Para ele, é natural que o BNDESPar, braço de participações do banco, mantenha presença em algumas empresas que estão se formando no país com porte internacional, com uma visão de longo prazo. Esses, porém, serão "casos muito específicos".

"No geral, a visão do banco é de ganho financeiro. A maior parte do lucro do banco nos últimos cinco ou seis anos veio do BNDESPar", disse, citando como exemplo a redução da presença no capital da distribuidora de energia Light em oferta secundária de ações realizada em julho.

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