Bolsa brasileira atravessa dia instável e fecha em leve queda

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O principal índice de ações da Bolsa brasileira encerrou o dia em queda, em um dia marcado pelo baixo volume de negócios, com investidores evitando comprar ações na véspera do feriado da Revolução Constitucionalista em São Paulo, que manterá os mercados fechados amanhã.

Depois de oscilar entre perdas e ganhos, o Ibovespa fechou com leve desvalorização de 0,29%, aos 45.075 pontos. "Além do feriado, o dia também foi fraco porque o mercado espera a definição do patamar da taxa básica de juros [a Selic], embora todos saibam que ela deverá subir", diz Pedro Galdi, analista-chefe da SLW Corretora.

O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) se reúne amanhã e quarta-feira (10) para discutir sobre o futuro da Selic. Especialistas consultados pela reportagem apostam que a autoridade deve manter o ritmo de aumento na taxa visto em maio, de 0,5 ponto percentual, levando a Selic a 8,5% ao ano.

"É uma coisa já esperada, portanto, não tem tanto efeito na Bolsa", diz Nataniel Cezimbra, analista-chefe do BB Investimentos. "O mercado vai ficar mais atento, porém, à ata da última reunião do banco central americano, que também será divulgada na quarta-feira, pois o documento pode dar pistas sobre o futuro dos estímulos econômicos no país".

Para Cezimbra, o impacto do documento pode ser maior no Brasil, especialmente se o BC americano confirmar que começará a cortar seu programa mensal de títulos públicos (no valor de US$ 85 bilhões ao mês) ainda em 2013.

"Com isso, a autoridade dos EUA estaria abrindo uma brecha para poder elevar a taxa de juros no país, o que deixaria os títulos do Tesouro americano, remunerados por essa taxa e considerados de baixo risco, mais atraentes aos investidores. Intensificaria a migração de recursos de países emergentes, por exemplo, para os EUA", explica.

Os estrangeiros ainda representam mais de 40% do mercado brasileiro de ações e a fuga desses investimentos já tem afetado negativamente a Bolsa nacional, alertam especialistas.

Também repercutiu no mercado hoje a redução na projeção para o IPCA, o índice oficial de inflação, e o corte na previsão de alta do PIB (Produto Interno Bruto) para 2013, de acordo com o boletim Focus, divulgado pelo Banco Central hoje.

As ações da MMX, mineradora de Eike Batista, lideraram as perdas do Ibovespa hoje, com queda de 4,38%, para R$ 1,53. Esses papéis vêm sofrendo nos últimos meses, assim como outras ações de empresas do grupo EBX, em meio a uma crise de credibilidade entre os investidores e Eike Batista.

Na semana passada, o empresário anunciou sua saída do comando da MPX (energia).Esse foi o primeiro passo do plano de reestruturação em curso para o grupo EBX. A estratégia é vender ativos ou até o controle de MPX e MMX, as empresas mais saudáveis. Com esses recursos, pagar aos maiores credores: Itaú, Bradesco (US$ 1 bilhão somados) e o fundo árabe Mubadala (cerca de US$ 2 bilhões).

Hoje, reportagem da Folha de S.Paulo apurou que Eike também empenha-se em buscar compradores para a petroleira OGX, como último lance para salvá-la. A ação da OGX subiu 1,96% hoje, para R$ 0,52.

Liderando a ponta positiva do Ibovespa hoje, os papéis da companhia aérea Gol subiram 5,21%, para R$ 6,46, depois que a agência de classificação de risco Standard & Poor's ter afirmado em relatório que espera por melhoras nas condições financeiras da empresa ainda neste ano, após o início do programa de reestruturação.

Câmbio

No mercado cambial, o dólar à vista --referência para as negociações no mercado financeiro- fechou hoje praticamente estável, com leve desvalorização de 0,04%, cotado em R$ 2,259 na venda.

O dólar comercial, utilizado no comércio exterior, terminou o dia estável, também em R$ 2,259.

"Houve poucos negócios por causa do feriado. O mercado também espera atento pela divulgação da ata do BC americano. Um possível corte ou aumento nos juros nos EUA enxugaria ainda mais a oferta de dólares no Brasil, pressionando a cotação da moeda para cima", diz Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.