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A crise da bolsa chinesa, que afetou os mercados asiáticos e respinga nesta terça-feira no Brasil, ainda não deve ser encarada de forma preocupante, segundo economistas. Mas pode ser um "aviso" de que é preciso ter prudência na política monetária, na visão do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles .

A queda de 8,8% da Bolsa de Valores de Shangai nesta terça-feira - a maior desde 1997 - faz com que a Bolsa de Valores de São Paulo recue 4,12%, a 44.304 pontos, com volume financeiro de R$ 2,251 bilhões. Também contaminado pelo cenário externo, o risco-país sobe 4,42%, a 189 pontos básicos. Já o dólar tem alta de 0,91%, a R$ 2,1030.

- Acho que (o comportamento dos mercados) de fato é um aviso de que nós não podemos basear a política econômica em dados de euforia momentânea. Nós temos que fazer uma política que seja sustentável a médio prazo - disse Meirelles ao Senado, quando questionado sobre o ritmo de corte do juro diante da melhora do risco Brasil, entre outros indicadores.

Apesar do susto desta terça-feira e da sinalização de prudência dada por Meirelles, o economista-chefe do banco Schahin, Silvio Campos Neto, avalia que os problemas são referentes à regulamentação do mercado de ações da China e que não deverão afetar a economia de outros países emergentes no longo prazo.

A China anunciou medidas para restringir a tomada de empréstimos bancários para a compra de papéis e para evitar a negociação de ações de empresas fantasmas. O país também está aumentando o controle sobre o capital estrangeiro.

- O mercado da China ainda é muito incipiente e há agora uma disposição para regulamentar tudo. Mas, por enquanto, essas medidas ainda não afetam a economia real. É só um susto diante de algumas impressões sobre o que pode vir a acontecer - diz.

Segundo o especialista, se a crise se agravar, aí sim, poderá afetar outros emergentes.

- Quando a China vai mal, isso tem repercussão em todo o mundo. Há o receio de redução de demanda por commodity e do consumo global, o que afeta todos os mercados.

Para o superintendente de renda variável da Banif Corretora de Valores, Nami Neneas, a crise deverá ser sentida aqui apenas no curto prazo. Com o tempo, no entanto, diz, a restrição a investimentos estrangeiros na bolsa de Shangai poderá ser até mesmo benéfica para a Bovespa.

- O mercado caiu lá e o investidor estrangeiro foi o primeiro que vendeu. Isso criou uma onda que agora está afetando o Brasil, mas não contagia a economia. Nossa inflação está sob controle, além de contarmos com reservas excepcionais. O investidor que saiu de lá pode agora estar olhando para o Brasil

No mercado de juros futuros, os contratos com vencimento em janeiro de 2008 projetavam taxa de 12,120% ao ano, com alta de 0,07 ponto percentual.

As bolsas européias tiveram a maior queda desde maio de 2003. Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones recua 1,45%, a 12.449 pontos; o Nasdaq cai 2,21%, a 2.449,17 pontos; o S&P, por sua vez, cai 1,56%, a 1.426,75 pontos.

A Fundação Getúlio Vargas divulgou nesta terça-feira que o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de fevereiro subiu 0,27% , contra 0,5% em janeiro.

Já o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de fevereiro ficou em 0,46%.

No cenário externo, dados divulgados pelo Conference Board mostram que o consumidor americano ficou mais confiante em fevereiro.

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