O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa brasileira, acompanhou o desempenho dos mercados internacionais e fechou nesta sexta-feira (22) em alta de 0,97%, aos 56.697 pontos. O índice registrava queda desde 13 de fevereiro, acumulando perdas de 4,06% no período. Na semana, a baixa do Ibovespa foi de 2,07%, somando desvalorização de 7,87% em 2013. Os investidores seguem cautelosos em relação a um possível corte nos estímulos econômicos do governo americano e o desfecho das eleições na Itália no fim de semana. Mas, com as quedas recentes, o mercado aproveitou para comprar papéis mais baratos.
Ações "X"
As ações de empresas do Grupo EBX, de Eike Batista, registraram ganhos acentuados hoje. Depois de subirem 11,8% ontem, os papéis ordinários (com direito a voto) da OGX Petróleo chegaram a avançar 9% ao longo do dia, mas perderam força e encerraram com baixa de 0,27%, cotados a R$ 3,59 cada. Já as ações ordinárias da MMX Mineração dispararam 5,93%, para R$ 3,39 cada. Ontem (quinta), perto do fechamento da Bovespa, as ações dispararam após o jornal "Valor Econômico" informar que Eike Batista negocia a venda de uma fatia da OGX para a Petronas, empresa estatal da Malásia. Esta semana também circularam rumores de que Eike teria colocado à venda a MPX, sua companhia de geração de energia elétrica. Ambas empresas não quiseram comentar o assunto.
As ações das empresas de Eike Batista vinham sofrendo há algumas semanas diante da avaliação do mercado de que Eike não estava conseguindo entregar o que prometeu aos investidores e que suas empresas estariam sem caixa para dar prosseguimento aos planos de investimento. Agora, segundo avaliação de analistas, Eike estaria tentando levantar recursos para manter ao menos uma parte desses planos. "É preciso acompanhar essa informação. Se for confirmada, ela tende a ser positiva porque vai entrar mais dinheiro no caixa da companhia, que precisará em breve honrar com uma série de compromissos financeiros", avalia Carolina Flesch, analista do BB Investimentos.
"O papel é muito volátil, como todos de empresas do Grupo EBX. Acho que o que está acontecendo com a OGX é uma crise de confiança entre a empresa e seus acionistas. A companhia atrasou uma série de coisas que prometeu, como o inicio da produção. Além disso, o volume de petróleo produzido pela companhia é menor do que a previsão feita na fase pré-produtiva", completa Carolina. "Se confirmada, essa notícia poderia ser positiva não só para aumentar as reservas em dinheiro, mas também para compartilhar futuros riscos e investimentos", disse o analista Oswaldo Telles, do Banco Espírito Santo.
Outros papéis que subiram forte no dia foram os da Brasil Foods (5,08%), empresa de alimentos criada em 2009 com a fusão de Sadia e Perdigão. O movimento acontece um dia após o empresário Abilio Diniz, presidente do Grupo Pão de Açúcar e sócio da varejista, ter sido indicado para presidir o conselho de administração da companhia.
Indicadores
A agenda econômica nacional e europeia ficou carregada hoje. Por aqui, o mercado repercutiu a notícia de que o Brasil criou 28,9 mil novos postos de trabalho com carteira assinada em janeiro, número 75,7% inferior ao mesmo período do ano passado (118.895 mil). Este é o pior resultado para o mês de 2009.
Além disso, o Banco Central divulgou o pior resultado para transações comerciais e de serviços do país em 66 anos. De acordo com a autoridade monetária, o deficit registrado no mês de janeiro chegou a US$ 11,4 bilhões (cerca de R$ 22,5 bilhões, em valores de hoje). Já o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) -considerado a prévia da inflação oficial- desacelerou para 0,68% em fevereiro, ante 0,88% em janeiro graças à redução nos preços das tarifas de energia elétrica. O resultado, contudo, ficou acima da expectativa do mercado, que indicava uma variação de 0,61%, segundo pesquisa da Reuters com 33 analistas. Entre as referências do velho continente, a Comissão Europeia revisou suas projeções e prevê mais um ano de recessão para a zona do euro. A nova estimativa é de queda de 0,3% do PIB (Produto Interno Bruto).
Na Alemanha, o PIB teve queda de 0,6% no último trimestre de 2012, na comparação com os três meses anteriores. O resultado já era esperado pelo mercado.Apesar disso, o índice que mede a confiança dos empresários alemães saltou de 104,3 em dezembro para 107,4 em fevereiro, superando as projeções e alcançando seu maior nível em 10 meses.



