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BCs europeus discutem tamanho da crise

No fim de semana, representantes de bancos centrais na Europa realizaram reuniões com altos executivos da área de finanças no final de semana para avaliarem os perigos do arriscado mercado de crédito imobiliário norte-americano para o sistema financeiro, disseram fontes do setor.

Bancos Centrais restauraram no fim da sexta-feira (10) uma certa tranqüilidade após o pânico dos mercados financeiros. As autoridades monetárias injetaram uma quantia sem precedentes de US$ 323 bilhões nos mercados que mostraram uma fuga de ativos por conta de exposições a complexos derivativos de crédito vinculados ao setor de crédito imobiliário de risco dos EUA.

O custo de empréstimos no mercado americano de fundos, um medida crítica das condições do sistema financeiro, despencou para 1% no fim da sexta-feira, bem abaixo da meta de 5,25% do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos).

Semana deve seguir notícias da crise

As notícias sobre o mercado de crédito externo deverão guiar as bolsas do mundo todo nesta semana, apesar dos indicadores esperados nos EUA. Os mais importantes são a inflação para o consumidor (o CPI, em inglês), o índice de confiança do setor imobiliário - ambos na quarta-feira - e o de casas novas (na quinta-feira).

"Mesmo com indicadores bons, quaisquer fundos quebrando ou bancos com dificuldades acabarão atropelando esses dados", avalia Ivo Chermont, economista da Modal Asset Management. "Só com indicadores bons e sem notícias, a semana pode ser tranqüila", diz.

Para Christopher Garman, executivo do Eurasia Group, uma crise prolongada poderia reduzir o preço das commodities, afetando as exportações brasileiras. "A economia brasileira está preparada. Há pressão sobre o dólar, mas o câmbio flutuante e as altas reservas minimizam o problema. Além disso, há espaço para cortar juros.

A queda na Bolsa pode ser passageira. Os investimentos estrangeiros no Brasil estavam em alta e pode haver refluxo para mercados mais conservadores. Mas trata-se de uma correção de mercado".

Depois de despencar no fim da semana passada, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) começou a segunda-feira (13) em alta, seguindo a melhora dos mercados mundiais. O Banco Central Europeu (BCE) fez novas injeções de recursos no sistema financeiro nesta segunda-feira e disponibilizou 47,665 bilhões de euros (US$ 65,301 bilhões) para apoiar a recuperação dos mercado financeiros diante da crise do setor imobiliário americano.

Com pouco mais de dez minutos de pregão, às 10h12, o índice Bovespa já subia 1,96%, para 53.669 pontos. Enquanto isso, o dólar caía 0,67%, para R$ 1,938. As principais bolsas européias também abriram em alta e operam com forte valorização. A Bolsa de Londres sobe 2,40%, Paris registra alta de 1,77% e em Frankfurt a bolsa sobe 1,77%. Diante dessa recuperação internacional, no Brasil,

O Banco Central do Japão também anunciou a injeção de mais US$ 5 bilhões no mercado financeiro, depois de US$ 8,5 bi liberados na sexta. O resultado da operação foi positivo e o índice Nikkei da Bolsa de Tóquio fechou com leve alta de 0,21%. Na Bolsa de Seul, a alta foi mais expressiva: 1,14%. A Bolsa de Hong Kong teve alta de 0,45%.

No Brasil, o Banco Central deve injetar R$ 97 bilhões no mercado bancário, por meio de uma operação de recompra de títulos públicos que já estava prevista para este dai 13 de agosto.

Temores não devem desaparecer no curto prazo

Isso mostra que grande quantidade de dinheiro foi colocada no sistema bancário e os mercados podem continuar operando. O primeiro grande teste será na segunda-feira quando a bolsa japonesa abrir.

Mas os temores que tomaram conta dos mercados na quinta e na sexta-feira não deverão desaparecer completamente até que os investidores readquiram a confiança de que nenhum banco ou fundo está próximo de um colapso, um problema que pode tornar uma crise temporária de confiança em um caos econômico, segundo analistas.

"Incerteza se transformou em pânico nos últimos dois dias e nós ficamos muito próximos de um crise de liquidez auto-promovida", disse Marco Annunziata, economista-chefe do Unicredit Markets.Bancos europeus são credores de financeira em concordata nos EUA.

Os bancos alemães tomaram medidas para disponibilizar mais informações neste final de semana. Eles estão no centro de redemoinho na Europa, após uma operação do pequeno IKB dar sinais preocupantes para a comunidade financeira.

No domingo, também foi revelado que várias instituições européias como Deutsche Bank, Commerzbank e BNP Paribas são credoras da financeira americana HomeBanc Corp, que entrou com pedido de recuperação judicial contra falência.

O Japão vai ser o primeiro grande teste aos investidores quando os mercados abrirem na segunda-feira. Se as taxas de depósito do dólar americano, que bateram 6,5% ou mais na sexta-feira, subirem novamente, bancos centrais talvez tenham que recorrer a uma nova injeção de dinheiro nos mercados para acalmar os ânimos dos investidores.

Mesmo se tudo correr bem na segunda-feira, os analistas esperam um longo período de turbulência econômica. "Nós provavelmente vamos permanecer muito voláteis pelo menos até meados de setembro", disse Ira Jersey, estrategista de crédito do Credit Suisse nos Estados Unidos. "Há muitas questões que precisam ser respondidas e nós não vamos obter respostas por pelo menos mais um mês", disse ele.

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