O presidente da República, Jair Bolsonaro, criticou publicamente a proposta do programa Renda Brasil, apresentada a ele pela equipe econômica esta semana. Bolsonaro afirmou que o projeto está suspenso e que não vai "tirar (recursos) dos mais pobres" para abastecer o novo programa, apresentado como substituto do Bolsa Família.
"Ontem (terça-feira) discutimos a possível proposta do Renda Brasil. E eu falei 'está suspenso', vamos voltar a conversar. A proposta, como a equipe econômica apareceu para mim, não será enviada ao Parlamento. Não posso tirar de pobres para dar a paupérrimos. Não podemos fazer isso aí", disse Bolsonaro, durante evento em Minas Gerais, no final da manhã desta quarta-feira (26).
O ministro da Economia, Paulo Guedes, queria que o benefício do Renda Brasil tivesse um valor na casa dos R$ 250. Porém, Bolsonaro quer R$ 300. Na reunião de terça-feira, Guedes disse ao presidente que para chegar ao benefício médio de R$ 300 é preciso cortar deduções de saúde e educação do Imposto de Renda (IR). A ideia não foi aceita por Bolsonaro.
Bolsonaro também não gostou da ideia da equipe econômica de usar o dinheiro que hoje paga o abono salarial de trabalhadores para bancar parte do Renda Brasil. "Por exemplo, a questão do abono para quem ganha até dois salários mínimos, que seria como um décimo quarto salário… Não podemos tirar isso de 12 milhões de pessoas para dar a um Bolsa Família, um Renda Brasil, seja lá o que for o nome do programa", disse.
O presidente afirmou que o "melhor programa para o país", na visão dele, é a geração de empregos. "Ou o Brasil começa a produzir, a fazer um plano que interessa a todos nós, que é o emprego, ou estamos fadados ao insucesso. Não posso fazer milagre."
Auxílio emergencial
Bolsonaro também afirmou que as novas parcelas do auxílio emergencial devem ficar acima dos R$ 200 defendidos inicialmente pela equipe econômica, mas abaixo dos atuais R$ 600 destinados aos trabalhadores informais durante a pandemia da covid-19. "O valor não será nem R$ 200, nem R$ 600, estamos discutindo com a equipe econômica", afirmou o presidente.
"O auxílio emergencial custa aproximadamente R$ 50 bilhões por mês. É uma conta pesada. Sabemos que os R$ 600 é pouco para muitos que recebem, mas é muito para o país que se endivida. E, lamentavelmente, como é emergencial temos que ter um ponto final nisso", declarou ele, na cerimônia desta quarta.
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