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Indefinição da futura equipe econômica pesa

Uma outra questão que os mercados vão querer ver resolvida é a formação da nova equipe econômica. A indefinição de quem liderará a economia do país nos próximos quatros pesou também no desempenho dos mercado. O ministro da Fazenda Guido Mantega não deve permanecer na equipe, segundo declarações da própria presidente Dilma Rousseff. Prestes a deixar ministério, Mantega se reuniu com Dilma nesta segunda no Palácio do Planalto, em Brasília (DF).

Segundo publicou a Reuters na véspera, Dilma quer manter Alexandre Tombini à frente do Banco Central e deve convidar o empresário Josué Gomes para assumir o Ministério do Desenvolvimento. No ministério da Fazenda, os nomes que ela trabalha são do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e do ex-secretário-executivo da Fazenda, Nelson Barbosa.

Operadores consultados pela Reuters preferem Barbosa a Mercadante e querem saber, também, se o atual secretário do Tesouro, Arno Augustin, será substituído. "Se houver um ministro menos favorável ao mercado, o real vai se desvalorizar ainda mais. E se o ministro agradar o mercado, o câmbio pode se acomodar", afirmou o operador de câmbio de um importante banco nacional.

Especialistas apontavam ainda, agora com a reeleição de Dilma, que o Banco Central deve continuar em 2015 com o programa de intervenção no câmbio, iniciado em agosto do ano passado. E isso certamente será importante na cotação do dólar.

Para Mantega, resultado eleitoral mostra aprovação da economia

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta segunda-feira (27) durante a primeira entrevista após a reeleição da presidenteDilma Rousseff, que está feliz com o resultado das eleições. Ele observou ainda que após o pleito há o fim da paixão e a volta da racionalidade. "Isso (o resultado das urnas) mostra que a população está aprovando a políticas que estamos praticando", disse.

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A Bovespa fechou no menor patamar desde abril nesta segunda-feira (27) e com forte giro financeiro, um dia após a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), em meio a ajustes de posições e expectativa sobre como a petista vai lidar com os desafios no campo econômico em seu segundo mandato. Dilma, cuja política econômica é alvo de críticas nos mercados financeiros. A queda do mercado, contudo, foi bem mais amena do que previa a parcela mais pessimista do mercado, que esperava o acionamento do circuit breaker, mecanismo que interrompe os negócios quando a queda supera os 10%. Nem na mínima da sessão, o Ibovespa chegou perto disso.

De acordo com dados preliminares, o Ibovespa fechou em baixa de 2,77%, a 50.503 pontos, após marcar 48.722 pontos no pior momento pela manhã, em queda de 6,2%. O volume do pregão somou R$ 17,8 bilhões. O dólar disparou mais de 2,5% nesta segunda-feira (27), maior avanço em quase três anos deixar os investidores apreensivos com o futuro da política econômica do país.

A moeda norte-americana subiu 2,68%, a R$ 2,5229 na venda e, na máxima do dia, chegou a avançar 4,21%, a R$ 2,5605. Foi a maior alta diária no fechamento desde 23 de novembro de 2011, quando subiu 2,94%. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,6 bilhão.

Profissionais do mercado ouvidos pela Reuters explicaram a queda mais branda citando que o Ibovespa ficou barato em dólar, o que atrai fluxo externo, assim como houve busca por pechinchas diante da queda mais forte na abertura e também alguma antecipação nos últimos pregões com apostas na reeleição.

O Bank of America Merrill Lynch também notou que investidores que buscam assumir posição de longo prazo ("long only") não estavam vendendo agressivamente, enquanto os fundos de hedge estavam cobrindo posições. Também citou que a maioria dos retornos que recebeu de agentes do mercado indicam que investidores estão olhando mais a lista de compras, do que a de vendas. "O Ibovespa deve ficar nesse intervalo de 48 mil a 52 mil pontos até que Dilma consiga identificar para o mercado quem estará na Fazenda, se é capaz de dar mais credibilidade (para a política econômica), particularmente na parte fiscal", avalia o sócio e fundador da Humaitá Investimentos, Frederico Mesnik.

As ações da Petrobras responderam pela principal pressão negativa no índice, encerrando com a maior queda desde novembro de 2008 e voltando a preços de março deste ano. O valor das ações da companhia caiu 12% ao longo do dia.

Papel por papel: Petrobras cai 12% no dia

Mas se o Ibovespa não refletiu o tom mais pessimista, as ações da Petrobras afundaram, encerrando com a maior queda desde 12 de novembro de 2008, de 12% os papéis preferenciais e de 11% as ações ordinárias, com os preços retomando os níveis de março deste ano.

O UBS colocou em revisão a sua recomendação de "compra" para Petrobras e o preço-alvo de R$ 20, citando que a volatilidade global dos preços do petróleo e combustíveis e altas incertezas políticas podem exercer pressão sobre a estatal, na esteira da reeleição da presidente Dilma.

Os papéis da Eletrobras também estiveram entre as maiores quedas do índice, enquanto o papel do Banco do Brasil terminou em baixa de 5%. Muitas outras ações também sofreram com a visão mais pessimista traçada por economistas para o país no curto prazo, como as dos bancos privados Itaú Unibanco e Bradesco e de empresas do setor imobiliário.

A alta do dólar, também reflexo da reação ao resultado das eleições, amparou ganhos de empresas como Fibra, Suzando Embraer e Braskem, que têm as receitas influenciadas por exportações.

Estrategistas do BTG Pactual recomendaram ações de setores "mais defensivos", como de serviços financeiros, ou beneficiados pela desvalorização do real, após a reeleição de Dilma, entre elas Braskem e Suzano, além de Estácio, também entre as poucas altas do índice nesta sessão. Da safra de balanços, Hypermarcas reportou na sexta-feira à noite lucro líquido de 118,8 milhões de reais no terceiro trimestre, alta de 48,1 por cento na comparação anual.

Tractebel Energia, maior geradora privada de energia do país, divulgou na sexta-feira, também após o fechamento do mercado, alta de 34 por cento no lucro do terceiro trimestre, resultado bem acima do esperado pelo mercado. Na terça-feira, a agenda de resultados inclui os números de Duratex e Klabin antes da abertura dos negócios, enquanto CCR e Cielo divulgou seus números após o fechamento da bolsa.

Câmbio

Na sexta-feira, a divisa norte-americana havia caído 2,26% em meio a rumores de que o desempenho nas urnas do candidato Aécio Neves (PSDB), derrotado por Dilma no domingo, poderia ser melhor. "O mercado está operando no escuro", afirmou o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira. "Nós sabemos quem é a presidente, mas agora queremos saber quem é o ministro da Fazenda e como de fato vai ser esse próximo governo. Só aí vai dar para saber onde o dólar vai se acomodar".

Apesar de a presidente ter acenado com o diálogo, investidores mostravam-se céticos. Segundo analistas, os mercados financeiros devem continuar voláteis até que ela dê sinais concretos de que está disposta a mudar a política econômica. Em seu discurso após a reeleição na noite passada, a presidente disse que faria "ações locais, em especial na economia, para retomar o nosso ritmo de crescimento".

De acordo com analistas, o mercado já havia parcialmente precificado a vitória de Dilma ao levar o dólar da casa de R$ 2,20 a R$ 2,50 de setembro para cá, e que a divisa deve continuar por volta de R$ 2,55 até que fique mais claro como será o próximo governo. Alguns, no entanto, eram bem mais pessimistas e chegaram a acreditar que a moeda norte-americana pode ir a R$ 2,70 no curto prazo."Tipicamente, o mercado precifica o risco eleitoral bem antes das eleições", escreveu em relatório o estrategista para mercados emergentes do Citi, Dirk Willer.

Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, pelas atuações diárias. Foram vendidos 3,1 mil contratos para 1º de junho e 900 contratos para 1º de setembro de 2015, com volume equivalente a 197,2 milhões de dólares.

O BC também vendeu a oferta total de até 8 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 3 de novembro. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 85 por cento do lote total, equivalente a 8,84 bilhões de dólares.

Analistas lembram ainda que a perspectiva é que, no futuro, o dólar volte a ser pressionado, dessa vez pelo cenário externo. A perspectiva de alta dos juros nos Estados Unidos no próximo ano tem preocupado investidores, que temem que recursos atualmente aplicados em mercados como o Brasil migrem para a maior economia do mundo.

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