O ministro da Fazenda, Guido Mantega, aproveitou a reunião do Comitê de Desenvolvimento do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (Bird), neste domingo, para fazer um marketing intenso do etanol brasileiro - uma vez que energia limpa era um dos temas principais do encontro.
Segundo ele, o Brasil está pronto para exportar tanto a tecnologia do setor quanto veículos flex. Além disso, para atender a outros mercados tem disponibilidade de aumentar em até 20 vezes a produção da matéria-prima, a cana-de-açúcar.
Ao abordar outro assunto polêmico do evento - a corrupção - Mantega fez, durante seu discurso, uma dura crítica a instituições financeiras internacionais, dizendo que elas favoreceriam os corruptos:
- A corrupção é uma via de duas mãos, pois existe a disponibilidade de avenidas que proporcionam investimentos financeiros seguros dos rendimentos da corrupção em várias instituições financeiras globais, bancos e paraísos fiscais, oferecendo um incentivo adicional para o desvio de recursos públicos.
A proposta feita neste domingo pelo Bird de criar instrumentos de crédito especificamente para financiar o desenvolvimento de fontes limpas de energia foi logo endossada pelo Brasil.
- Freqüentes pedidos bilaterais de países que desejam compartilhar da tecnologia de produção e consumo de etanol para o transporte urbano representam claramente umanecessidade a ser satisfeita pelo Banco Mundial - afirmou o ministro.
Depois de uma longa demonstração do programa brasileiro do etanol, lembrando que o país já economizou US$ 61 bilhões entre 1975 e 2004 por usar esse combustível alternativo (substituindo 230 bilhões de litros de gasolina), Mantega disse que a área atualmente plantada com cana-de-açúcar - 0,6% do território nacional - poderá ser ampliada de acordo com a demanda:
- Existem áreas disponíveis para essa expansão equivalentes a 12% do nosso território - revelou Mantega.
Quando o Comitê de Desenvolvimento passou a considerar o tema "governabilidade e corrupção", Mantega disse que o Brasil tinha um alerta a fazer: que as instituições multilaterais e os países avançados, que costumam monitorar essas questões, não as misturassem.
- Prevenimos a todos para que não encarem a (má) governabilidade como um sinônimo de corrupção. Esta atrapalha o desenvolvimento não apenas porque desvia recursos, mas também porque indica falhas de governabilidade. Apesar de que a corrupção deve ser combatida com todos os meios, o enfoque em demasia na corrupção reduz excessivamente a discussão sobre governabilidade, deixando de lado outros aspectos críticos, como a administração incompetente devido a planejamento pobre,treinamento insuficiente, falta de equipamento e de instalações - disse Mantega.



