O governo brasileiro quer que os diretores-gerentes e presidentes de instituições financeiras multilaterais, como o Banco Mundial, sejam escolhidos em "processos abertos e transparentes, sem restrição a candidaturas em função de nacionalidade", disse o Ministério da Fazenda, em comunicado emitido no sábado.
O Brasil endossa posição do G-20 financeiro, que congrega ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais das economias mais avançadas e das principais economias emergentes.
O presidente do Banco Mundial é indicado pelo presidente dos Estados Unidos e o diretor-gerente do FMI é escolhido pelos principais países da Europa Ocidental. Esta norma está em vigor desde a criação das duas instituições, há 60 anos, em Bretton Woods.
No comunicado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, chama de "anacronismo" a tradição de que o presidente do Banco Mundial seja indicado pelo governo norte-americano.
"O governo brasileiro entende que tal costume não encontra fundamento na realidade contemporânea, constituindo anacronismo que deve ser superado", afirma a nota
"Num momento em que a legitimidade, a representatividade e a eficácia do Banco Mundial e do FMI precisam ser restauradas, seria de lamentar que a escolha do novo presidente do Banco Mundial não fosse baseada no mérito de candidatos apresentados por qualquer dos Estados-membros da instituição", afirmou o ministro no comunicado, divulgado pela Secretaria de Assuntos Internacionais do ministério.
Paul Wolfowitz deixará a presidência do Banco Mundial em 30 de junho em meio à pressão por ter promovido sua namorada e dado a ela um aumento de salário. O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, já deixou claro que quer um norte-americano à frente da instituição.
"Como próximo presidente do G-20, a partir de 2008, o Brasil receberia com satisfação iniciativas que assegurassem uma seleção ampla e transparente, presente e futura, tanto do presidente do Banco Mundial, quanto do diretor-gerente do FMI", completa o comunicado.
A África do Sul, atual presidente do grupo, emitiu um comunicado de teor similar, pedindo um processo transparente e mediante consulta. Segundo a nota brasileira, a Austrália também se manifestará por meio de sua Secretaria do Tesouro.


