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Dívida externa

Brasil zera dívida de US$ 15 bi com FMI

Brasília (AE) – O Brasil vai "zerar" sua dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI) até o fim do ano. Para isso, antecipará pagamentos que haviam sido programados para 2006 e 2007. "O pré-pagamento representa um momento histórico para o país", afirmou o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, ao comentar a notícia divulgada em nota do Ministério da Fazenda. Para honrar o compromisso, o BC usará cerca de US$ 15,46 bilhões das reservas internacionais, que estavam em US$ 67,062 bilhões anteontem.

Nas estimativas do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, a antecipação do pagamento vai gerar uma economia de US$ 900 milhões para o Brasil sob forma de juros que teriam de ser pagos. Palocci, que se reuniu com empresários do setor automobilístico em São Paulo, explicou que a decisão foi motivada pelo alto nível das reservas internacionais do país, ontem em torno de US$ 50 bilhões.

O ministro aproveitou para defender a política monetária do governo e pediu paciência. Segundo ele, o ritmo de redução das taxas de juros será definido pelos índices inflacionários. "Se é verdade, e é verdade, que o controle da inflação tem um custo para o país, a inflação tem custos ainda maiores", disse o ministro.

Os compromissos venceriam entre março do próximo ano e dezembro de 2007. "Essa decisão de antecipar o pagamento resultou do fortalecimento do setor externo e de outros fundamentos macroeconômicos do Brasil", diz a nota divulgada pelo Ministério da Fazenda. A melhora dos fundamentos, na visão do presidente do BC, resultou das decisões de política econômica adotadas pelo governo. A declaração e a decisão ocorreram poucos dias depois de o Partido dos Trabalhadores (PT) aprovar uma resolução com críticas aos juros altos e ao superávit primário sustentado pelo governo.

A nota do Ministério da Fazenda procurou destacar que a decisão de quitar a dívida não provocará nenhuma alteração no "bom relacionamento" mantido entre o governo e o FMI. O Brasil continua a relacionar-se com o FMI na condição de sócio. "Além das relações normais previstas no Artigo IV do Estatuto do Fundo, o Brasil continuará desenvolvendo projetos conjuntos que deverão ter impacto importante em muitos países membros", diz a nota do Ministério da Fazenda, acrescentando que pretende continuar a discutir com o FMI a possibilidade de criação de mecanismos de defesa contra choques externos em países que possuem economias abertas.

O representante do FMI no Brasil, Max Alier, afirmou que nada mudará no relacionamento entre o organismo e o governo. "Uma coisa não tem nada a ver com a outra", disse, ao ressaltar que o pagamento antecipado da dívida com o Fundo não resultará no fechamento do escritório de representação do organismo em Brasília.

O secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Luiz Pereira, comentou que a decisão de zerar a dívida com o FMI tornou-se possível graças ao elevado nível de reservas do país. O pagamento antecipado da dívida com o Fundo, segundo o ex-secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Otaviano Canuto, ajudará o país a alcançar o grau de investimento das empresas responsáveis pela avaliação dos riscos de crédito soberano.

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