Pesquisa do Instituto Escolhas foi feita com base em mais de 40 mil registros de comercialização de ouro.
Pesquisa do Instituto Escolhas foi feita com base em mais de 40 mil registros de comercialização de ouro.| Foto: Pixabay.

O Brasil vendeu 229 toneladas de ouro com indícios de ilegalidade entre 2015 e 2020, aponta uma pesquisa realizada pelo Instituto Escolhas. No levantamento, divulgado nesta quinta-feira (10), foram analisados mais de 40 mil registros de comercialização de ouro da Agência Nacional de Mineração (ANM) e imagens espaciais para identificar a extração.

Em nota, a gerente de Portfólio do Escolhas, Larissa Rodrigues, afirmou que o resultado da pesquisa aponta para a "consequência da total falta de controle e transparência na cadeia do ouro". Das 229 toneladas de ouro com indícios de ilegalidade mapeadas, 79 toneladas foram comercializadas por cinco Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (DTVMs) que compram ouro de garimpos na Amazônia. São elas: a F.D’Gold, a Ourominas, a Parmetal, a Carol e a Fênix DTVM.

O estudo confirmou ainda que essas DTVMs, autorizadas a funcionar pelo Banco Central, possuem vinculações empresariais e familiares por toda a cadeia do ouro. "As vinculações familiares e empresariais na cadeia do garimpo inviabilizam controles adequados... A legislação precisa ser revista e o Banco Central precisa fiscalizar e acompanhar de perto", explica Larissa.

Além disso, ela ressalta que o levantamento "mostra que o Brasil é um fornecedor de ouro contaminado para o mundo. Os países importadores precisam controlar a origem do que compram ou serão coniventes com o que acontece na Amazônia".

Entre as medidas para combater o problema, o estudo defende a adoção de um sistema obrigatório de rastreabilidade da origem do ouro; acabar com os benefícios conferidos por lei aos garimpos, entre outros. "Isso vai ajudar nos controles e na fiscalização. E são necessários, ainda, recursos e sistemas mais potentes de fiscalização. Sem eles, continuará sendo muito fácil colocar ouro ilegal no mercado", disse a gerente.