O ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad.| Foto: Washington Costa/MF.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que considera “preocupante” o comunicado do Banco Central que anunciou nesta quarta-feira (22) a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 13,75%. “Eu considerei o comunicado preocupante, porque hoje nós divulgamos o relatório bimestral da Lei de Responsabilidade Fiscal mostrando que as nossas projeções de janeiro estão se confirmando sobre as contas públicas”, disse o ministro.

“O Copom chega a sinalizar até a possibilidade de uma subida da taxa de juros, que já é a mais alta do mundo… A depender das futuras decisões, podemos inclusive comprometer o resultado fiscal. Daqui a pouco vai ter problema das empresas para vender, recolher impostos, acrescentou o ministro.

O ministro espera que a ata do Copom atenue o comunicado divulgado nesta tarde, como ocorreu com na primeira reunião do comitê neste ano. A ata será divulgada na próxima semana. “O primeiro comunicado veio muito duro, a ata atenuou… Tomara que isso aconteça de novo, mas nós vamos fazer chegar ao Banco Central a nossa análise sobre o que é mais recomendado para a economia brasileira encontrar o equilíbrio”, disse Haddad.

No comunicado, o BC apontou entre os riscos de alta para o cenário inflacionário “a incerteza sobre o arcabouço fiscal e seus impactos sobre as expectativas para a trajetória da dívida pública; e uma desancoragem maior, ou mais duradoura, das expectativas de inflação para prazos mais longos”. O ministro disse não considerar que a falta de definição sobre a nova regra fiscal tenha influenciado a decisão do Copom.

“Acredito que não [influenciou], porque o arcabouço pela PEC estava previsto para agosto. Eu me comprometi a entregar junto com a LDO para o Congresso Nacional. A divulgação estava prevista para março e ocorrerá logo depois de nossa visita à China. Isso não pode ter feito parte das considerações do Copom neste momento”, afirmou. Haddad ressaltou que pretende entregar uma regra consistente para o médio e longo prazo, que dê sustentabilidade para as contas públicas.