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Ministros do Comércio das cinco nações do Brics reunidos nesta quarta-feira (13) não deram sinais de estar prontos para fazer concessões que rompam o impasse de décadas nas conversas sobre a liberalização do comércio global.

A Rodada Doha de negociações, conduzida sob o respaldo da Organização Mundial do Comércio (OMC), fez poucos avanços após chegar à iminência de um acordo em 2008.

Entre as principais razões do fracasso na ocasião estiveram a recusa dos Estados Unidos e outros países ricos de reduzir ainda mais os subsídios agrícolas, e a rejeição das nações em desenvolvimento, lideradas pela Índia, a aumentar o acesso do Ocidente a seus mercados de bens e serviços.

Reunindo-se na véspera de uma cúpula dos Brics na ilha chinesa de Hainan, os ministros do comércio de Brasil, Rússia, Índia, China e o novo membro África do Sul soaram pessimistas com as perspectivas das conversas.

"O delicado equilíbrio de trocas alcançado em mais de 10 anos de negociações e contido no texto de esboço de julho de 2008 corre o risco de entrar em desordem", disseram os ministros em um comunicado à mídia.

Líderes do G20, que inclui nações avançadas e economias em desenvolvimento, declararam em novembro haver uma janela de oportunidade curta em 2011 para finalizar a rodada. Uma série de membros-chave da OMC, incluindo os EUA e a França, tem eleições em 2012.

Os Estados Unidos disseram no mês passado que as grandes economias emergentes precisam adquirir a coragem política de abrir seus mercados. Mas, ao endossar o projeto de acordo de 2008, os Brics deram a entender que cabe ao Ocidente o ônus de ceder.

"Os ministros continuam dispostos a concluir a rodada com base nas modalidades do rascunho", declararam no rascunho da declaração.

Cooperação

O Ministério do Comércio da China disse que o encontro também clamou por uma melhor coordenação global das políticas econômicas para blindar a recuperação mundial e alcançar um crescimento robusto e equilibrado.

O poder econômico dos Brics está crescendo à medida que o mundo desenvolvido luta para abater suas dívidas, e os cinco países começam a operar como um bloco único no G20, fornecendo um contraponto aos Estados Unidos e outras potências tradicionais.

Os cinco Brics representaram pouco menos de 18 por cento dos 62 bilhões de dólares da economia global em 2010, embora o PIB da China tenha sido maior do que os outros quatro membros somados.

Como parte do esforço para fortalecer o comércio e o investimento entre si, os líderes devem assinar na quinta-feira um acordo para ampliar as linhas de crédito mútuas não mais em dólares, mas nas moedas locais dos Brics, de acordo com relatos da mídia indiana.

"Para o crescimento e o desenvolvimento futuros, os países Brics precisam fortalecer o comércio entre si", afirmou Lin Yueqin, pesquisador da Academia Chinesa de Ciências Sociais em Pequim.

Lin observou que o comércio entre a China e a Rússia, por exemplo, ficou abaixo dos 60 bilhões de dólares por ano, uma fração dos 200 bilhões de dólares nas trocas entre China e Coreia do Sul.

Ele disse que a cúpula, que realiza sua terceira reunião anual, tem um longo caminho a trilhar antes de poder se equiparar o G7, grupo de economias desenvolvidas.

"Os Brics são mais um símbolo de cooperação do que um grupo de ação conjunta. Mas, como todo o resto, sem um começo humilde não se pode ter um grande futuro," disse Lin.

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