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Busca por trabalho cresce no país e engrossa fila do desemprego

Taxa de desocupação sobe para 8,3% no 2º trimestre, a maior da série do IBGE, iniciada em 2012. São 8,3 milhões de desempregados

Metalúrgicos da Mercedes fazem greve contra as demissões na montadora do ABC paulista: avanço do número de desempregados pode estar apenas no começo. | Guerra/SMABC/Fotos Públicas
Metalúrgicos da Mercedes fazem greve contra as demissões na montadora do ABC paulista: avanço do número de desempregados pode estar apenas no começo. (Foto: Guerra/SMABC/Fotos Públicas)

Com a renda em queda e sem a segurança do emprego com carteira assinada, um número cada vez maior de brasileiros tem saído em busca de trabalho. Só que a quantidade de vagas criadas está longe de acomodar todas essas pessoas. O resultado é o aumento da taxa de desemprego, que atingiu 8,3% no segundo trimestre de 2015. Trata-se do maior resultado na série da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, iniciada em 2012.

INFOGRÁFICO: confira o desempenho do mercado de trabalho nos últimos anos

Em todo o país, 8,354 milhões de pessoas procuraram emprego sem encontrar entre abril e junho deste ano. O contingente é o maior já observado na pesquisa e 23,5% superior a igual período de 2014. “O aumento da desocupação vem da maior procura por trabalho. A geração de vagas é bem inferior ao que seria necessário para manter a taxa estável”, afirmou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

O avanço do número de desempregados pode estar apenas no começo. Hoje, muitas pessoas que tinham carteira assinada e foram dispensadas ainda contam com o seguro-desemprego e os recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e podem não estar atrás de trabalho. “Mas não sabemos quanto tempo essa rede de proteção vai durar. Se o cenário não se modificar, ou seja, desemprego continuar aumentando e carteira continuar caindo, pode ter pressão maior”, reconheceu o coordenador do IBGE.

Mesmo antes de isso se concretizar, a velocidade da deterioração do mercado de trabalho já tem chamado a atenção. No segundo trimestre deste ano, a taxa de desemprego subiu 1,5 ponto porcentual em relação a igual período de 2014 (6,8%), algo inédito na pesquisa. Esse ritmo deve continuar até o fim do ano, prevê o economista-chefe da Icatu Vanguarda, Rodrigo Alves de Melo. “Havia muita gente que não estava trabalhando e que não estava buscando emprego. Hoje, com um aumento dos gastos, as pessoas estão voltando ao mercado de trabalho à procura de um emprego”, explicou Melo.

Para o economista Marcel Caparoz, da RC Consultores, os brasileiros estão tentando recompor a renda familiar para enfrentar a inflação crescente. “Os indicadores falam de uma inflação média, mas no dia a dia as pessoas sabem que a inflação é maior, já que, com o mesmo valor que compravam uma quantidade de mercadorias antes, compram agora a metade”, explicou. “Nesse cenário de crise muito forte, as pessoas que antes podiam se dedicar ao estudo ou mesmo procurar mais tarde o mercado de trabalho estão saindo para buscar uma vaga. E isso pressiona a taxa de desemprego”, acrescentou o economista da RC Consultores.

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