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notas manchadas

Caixa eletrônico vira alvo de desconfiança

Cliente acaba ficando sem o dinheiro caso pegue uma nota manchada em terminal de autoatendimento; Procon questiona medida

Franciele passou a se preocupar ao saber que poderia receber notas manchadas no caixa eletrônico | Hedeson Alves/ Gazeta do Povo
Franciele passou a se preocupar ao saber que poderia receber notas manchadas no caixa eletrônico (Foto: Hedeson Alves/ Gazeta do Povo)

As novas regras do Banco Central (BC) sobre as notas danificadas pelo sistema antifurto dos caixas eletrônicos dividem clientes de bancos no Paraná, e as instituições se tornaram o alvo da desconfiança. Quando quem entrega o dinheiro é uma outra pessoa, é possível recusar a nota manchada. Mas, quando as cédulas vêm de um caixa eletrônico, sem possibilidade de serem recusadas, o processo é muito mais complicado.

A pensionista Vera (nome fictício) diz acreditar que os bancos que têm notas manchadas em seu poder as colocam nos terminais de autoatendimento para se livrar dessas cédulas sem ter prejuízo. "O correntista é lesado. Os bancos colocam a nota no caixa eletrônico porque não há como brigar e exigir outra. Como pode não haver controle dessas notas manchadas?", questiona. Há alguns dias, ela sacou seu benefício em um terminal da Caixa Econômica Federal e, no meio do pagamento, havia uma nota de R$ 20 manchada de rosa.

Como no local não havia uma agência de seu próprio banco, Vera levou a nota danificada a outro banco e ouviu que a nota deveria ficar retida, mas que a Caixa restituiria a cliente no mesmo valor. Ao chegar à agência em que tem conta, a pensionista apresentou a nota com o extrato bancário e disse que havia sacado a cédula em um caixa automático. Agora, ela deve esperar a análise e, se for comprovado que a mancha é do dispositivo antifurto, vai perder o dinheiro.

A funcionária pública Franciele Klosowski acreditava que os caixas eletrônicos estariam salvos desse problema. "Acho que é mais fácil que essas notas passem mais despercebidas no comércio, como troco, porque não costumo prestar atenção. No caixa eletrônico você conta as notas, então é mais fácil reparar". Ao saber que havia possibilidade de pegar uma dessas notas em um caixa eletrônico, Franciele ficou assustada: "não sabia que isso podia acontecer, agora fiquei preocupada."

Procon

A coordenadora do Procon-PR, Claudia Silvano, diz que a instituição é contrária à resolução do BC porque ela fere um dos princípios fundamentais do Código do Consumidor, a boa-fé. "A medida protege o patrimônio do banco, e não do consumidor. O problema não pode trazer ônus ao cliente da instituição bancária. A pessoa precisa do dinheiro agora e não pode ser privada daquelas notas", argumenta. Segundo Claudia, o Procon-PR vai enviar um ofício ao BC solicitando a reavaliação da medida.

Virgílio José Ribeiro, assessor da diretoria técnica da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), explica que em alguns casos pode haver disparo acidental do sistema antifurto. "Pode acontecer, quando o técnico faz a manutenção e o sistema é acionado, mas isso é muito raro", explica. De acordo com a resolução, em caso de acionamento acidental do dispositivo que mancha as notas, os bancos devem ressarcir o BC pelos serviços de análise e reposição das cédulas danificadas.

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