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Foco na baixa renda

Caixa Tem passa a oferecer seguro e crédito, de olho em abertura de capital na Bolsa

(Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

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De olho numa futura abertura de capital na Bolsa de Valores, o aplicativo Caixa Tem ganhará novas funcionalidades. Hoje restrito a saques, transferências, compras, pagamentos e recargas de celular, o aplicativo vai oferecer aos correntistas a opção de contratar produtos como microcrédito, microsseguro e títulos de capitalização. E, para garantir uma base fiel de usuários, o governo estuda pagar todos os benefícios sociais via Caixa Tem.

As novas funcionalidades e a migração dos pagamentos dos benefícios sociais para o aplicativo serão feitos gradativamente entre o fim deste ano e 2021. O objetivo é fazer com que o Caixa Tem tenha milhões de clientes e que o banco ganhe dinheiro vendendo produtos, já que a abertura e a movimentação de contas são – e continuarão – gratuitas. A monetização e a fidelização são necessárias, pois o banco pretende fazer uma oferta pública de ações do Caixa Tem.

A primeira novidade incorporada ao aplicativo foi o “Seguro Apoio Família”, disponível desde o fim de outubro na plataforma. Os correntistas do Caixa Tem podem contratar seguro para pagar o funeral. O seguro custa R$ 30 por ano e é válido para morte por qualquer causa, inclusive por Covid-19. Se a morte for acidental, o seguro também paga cesta básica por três meses e mais R$ 2 mil para ajudar o cônjuge ou o filho mais jovem. A contratação também tá direito a concorrer a prêmios mensais de R$ 20 mil.

O Seguro Apoio Família faz parte da gama de microsseguros que o Caixa Tem vai oferecer. O banco estuda oferecer seguros de saúde e de propriedade nos próximos meses dentro do aplicativo. Os produtos serão destinados a trabalhadores de baixa renda que não eram bancarizados ou que não tenham acesso a esses produtos em outros bancos e seguradoras. O custo e os prêmios serão baixos para que os produtos sejam atraentes.

Em março de 2021 também deve chegar ao Caixa Tem uma linha de microcrédito voltada a informais e a microempreendedores formais (MEIs). A ideia do banco é oferecer pelo menos R$ 10 bilhões para cerca de 10 milhões de pessoas. O valor ainda pode crescer, de acordo com a demanda. A linha também poderá ser contratada nas agências físicas.

O valor máximo do empréstimo deve ser de R$ 1 mil, segundo o presidente da Caixa, Pedro Guimarães. As condições de pagamento e a taxa de juros ainda não foram divulgadas, mas ele garantiu que serão acessíveis às pessoas de baixa renda, foco do microcrédito.

Como garantia da operação, o banco pretende adotar o aval solidário, em que várias pessoas interessadas em obter o crédito se unem de forma voluntária e espontânea para assumir a responsabilidade conjunta no pagamento das prestações. A metodologia é utilizada pelo Banco do Nordeste, na sua linha de microcrédito chamada Crediamigo.

Outras linhas de microcrédito também devem ser lançadas, mas em valores menores. O banco estuda oferecer a todos os correntistas créditos de R$ 100 a R$ 300. A contratação será gratuita, mas o empréstimo terá juros e prazo para pagamento. Além do crédito, produtos como títulos de capitalização também serão vendidos via Caixa Tem.

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Governo estuda pagar todos os benefícios pelo Caixa Tem

Para garantir uma base fiel de usuários, o governo estuda pagar todos os benefícios via Caixa Tem. Para isso, uma medida provisória foi editada em junho para permitir que o Executivo abra e pague via conta poupança social digital benefícios sociais (como abono salarial, seguro desemprego e Bolsa Família) e previdenciários (como aposentadorias e pensões). A migração dos benefícios previdenciários ao Caixa Tem é facultativa ao aposentado ou pensionista.

Essa conta poupança é movimentada pelo aplicativo Caixa Tem. Aprovado pelo Congresso, o texto foi sancionado pelo presidente em outubro. As poupanças sociais digitais são gratuitas e livres de tarifas de manutenção. Elas foram criadas inicialmente para pagar somente o auxílio emergencial e o saque emergencial do FGTS, mas o governo enxergou nelas uma oportunidade de bancarização da população de baixa renda e do fortalecimento do seu banco digital, por isso resolveu mantê-las em 2021.

A migração dos pagamentos de benefícios sociais para o Caixa Tem começará com o Bolsa Família, informou a agência Reuters. O governo vai extinguir o cartão cidadão e passar a pagar a partir de maio de 2021 o benefício via Caixa Tem. A possibilidade de saque nas agências continuará existindo para as famílias sem o aplicativo. A conta terá custo zero.

Atualmente, o Caixa Tem já tem mais de 100 milhões de contas abertas compulsoriamente.

Governo quer abrir capital do banco digital na Bolsa

O Caixa Tem já é visto pelo governo e pela Caixa como um banco digital. A ideia é formalizá-lo por meio de uma subsidiária e, depois, fazer a abertura de capital desse banco, ofertando ações na Bolsa de Valores (IPO, na sigla em inglês).

O público-alvo é o mesmo do auxílio emergencial: a baixa renda e as pessoas que recebem algum benefício social do governo. A principal fonte de receita desse banco digital virá desses novos serviços que a Caixa vai ofertar, todos focados na baixa renda. A abertura da conta e a movimentação continuarão gratuitas.

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