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zona do euro

Calote “parcial e ordenado” ganha força entre gregos

Manifestantes protestaram ontem contra medidas de austeridade gregas | Louisa Gouliamaki/AFP
Manifestantes protestaram ontem contra medidas de austeridade gregas (Foto: Louisa Gouliamaki/AFP)

Sem reconquistar a confiança dos mercados, ganha força a ideia de um calote "parcial e ordenado" na Grécia, enquanto governos europeus passaram o fim de semana desenhando a construção de um escudo que poderia chegar a 2 trilhões de euros para evitar uma contaminação generalizada e a ruína do euro.

Uma missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia desembarca nos próximos dias em Atenas para avaliar se a Grécia tem mesmo condições de atingir suas metas de redução de déficit, depois que o governo anunciou mais uma rodada de cortes. Caso a avaliação seja negativa, a sexta parcela do empréstimo pode não ser liberada. O governo já admite que ficará sem dinheiro em outubro.

Informações sobre a possibilidade de um calote parcial da dívida grega circulam desde sexta-feira. A notícia incendiou o meio político grego e deve dominar as avaliações no mercado financeiro nos próximos dias. Funcionários do governo socialista, entre eles o ministro de Finanças, teriam admitido a parlamentares que podem fechar um entendimento sobre um calote de metade de sua dívida de 350 bilhões de euros, diante de uma série de medidas para evitar um contágio na Espanha e Itália.

O governo desmentiu a informação. Ontem, em Washington, o chefe da pasta de Finanças da Grécia, Evangelos Venizelos, insistiu que o país tem a confiança dos parceiros internacionais e faria de tudo para atingir as metas de redução de déficit.

O discurso oficial contrasta com a realidade do trabalho nos gabinetes do governo em Atenas. Funcionários do Ministério das Finanças confirmaram à reportagem que parte da máquina pública já foi instruída a desenhar cenários sobre como seria um calote parcial e ordenado. Além disso, o tom do FMI e da UE ontem foi de pessimismo. "Se a Grécia não quer nossa ajuda, não há nada que possamos fazer", disse Cristine Lagarde, diretora do FMI.

Pior que 2008

Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu, admitiu que o cenário da Grécia é mais crítico que a quebra do Lehman Brothers em 2008, e que já não existe confiança nos mercados de que Atenas pagará sua dívida. Os comentários caíram como uma ducha de água fria sobre a esperança do governo de que a última rodada de medidas de austeridade seria suficiente.

Se uma solução não for encontrada, a preocupação é evitar uma quebra desordenada e pelo menos manter a Grécia na zona do euro, um objetivo claramente político. Nos bastidores, governos europeus, Atenas e instituições internacionais já se debruçam para encontrar um "Plano B", montando um esquema para permitir que o calote ocorra de forma ordenada. Em uma sondagem publicada ontem no jornal Kathimerini, 60% dos gregos estimam que o país não tem como evitar um calote.

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