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Mesmo fraca, greve queima estoques

Os caminhoneiros que entraram em greve ontem ainda são minoria, mas têm força para provocar ameaça de desabastecimento de produtos perecíveis

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No segundo dia da paralisação, caminhoneiros voltaram a fazer piquetes em rodovias estaduais do Paraná, nesta quinta-feira (26). De acordo com a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), ao meio-dia, havia pelo menos cinco pontos de bloqueio em estradas paranaenses. Apesar disso, o número de manifestações é menor do que o registrado na quarta-feira (25). O Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC), que coordena a paralisação em âmbito nacional, afirma que a mobilização vai continuar.

"O balanço das primeiras horas de hoje [quinta-feira] indica que o setor, de uma forma geral, está aderindo fortemente. Os caminhoneiros continuam estacionados em suas garagens", disse o presidente do MUBC, Nélio Botelho. Segundo ele, 65% dos caminhoneiros autônomos do Paraná aderiram à greve.

Segundo a PRE, nos piquetes os manifestantes abordam caminhões de carga, convocando os colegas a aderir a paralisação. Na maioria dos casos, o tráfego de outros veículos – carros, motos e ônibus – é liberado. Mesmo assim, foram registrados congestionamentos e pontos de lenditão.

Na rodovia PR-182 há dois locais de interdição. Um deles se mantém no município de Realeza, onde a pista chegou a ser completamente interditada pela manhã e houve congestionamento. Mais de 30 caminhões se juntaram no local, segundo a PRE. A estrada foi liberada às 11h20 e, segundo a polícia, a previsão é que os caminhoneiros voltem a bloquear a via às 13 horas. No outro ponto, no município de Toledo, os caminhoneiros também interromperam temporariamente o piquete, que foi restabelecido à tarde com trânsito liberado apenas para automóveis, transportes de passageiros e carga viva, de acordo com a PRE.

Em Iporã, há uma manifestação no trevo PRC-272. Também há piquete na PR-180, no trevo de Dois Vizinhos. Na PR-483, em Francisco Beltrão, o movimento foi apenas pela manhã, a tarde não há registro de manifestações até as 15 horas.

Na BR 277, na saída de Guarapuava, informações divulgadas pela PRE apontam que via está interditada no sentido Curitiba desde as 14h30 para veículos de grande porte.

Botelho afirma que os piquetes é iniciativa isolada dos próprios caminhoneiros. A orientação do movimento é para que eles não bloqueiem as estradas, para não prejudicar os usuários das rodovias e porque não haveria estrutura rodoviária para sustentar esse tipo de manifestação. "Até por questão de segurança, o ideal seria que o caminhoneiro que aderir fique em casa", resumiu.

Na quarta-feira, primeiro dia de greve, houve 18 pontos de manifestação em estradas paranaenses e mais de 50 em todo o país, segundo o MUBC. Pelo menos dez estados aderem à paralisação, segundo Botelho.

O presidente diz que não há nenhuma rodada de negociação prevista com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) ou com o governo federal. "Até agora, não houve nenhum contato [do governo]. Daqui a pouco deve começar a ter desabastecimento por causa da greve", aponta Botelho.

Paralisações no PR

A paralisação começou na quarta-feira causando alguns transtornos em estradas que cortam o Paraná. Na BR-116, entre Mandirituba e Quitandinha, na região metropolitana de Curitiba, quatro caminhoneiros chegaram a ser presos. Segundo a PRF, eles atiraram pedras contra caminhões que não pararam no piquete. Na PR-151, município de Furnas, manifestantes atearam fogo em pneus, bloqueando a pista. Um caminhão-pipa da concessionária que administra a via foi acionado para apagar o incêndio.

Segundo a PRF, pelo menos nove pontos de rodovias ou entroncamentos rodoviários federais foram alvo de bloqueio na quarta-feira. Uma das concentrações ocorreu na BR-116, próximo a um posto de combustíveis em Campina Grande do Sul, na região metropolitana de Curitiba, onde 100 caminhoneiros chegaram a se concentrar e a fazer piquetes. Também houve bloqueios em estradas estaduais, em diversas regiões do estado.

Reivindicações

A mobilização é uma reação a pontos da chamada Lei do Caminhoneiro – em vigor desde junho deste ano – que limitou a jornada de trabalho a 10 horas para os contratados e a 12 horas para os autônomos. Outra exigência são intervalos de 30 minutos a cada 4 horas trabalhadas e um repouso ininterrupto de 11 horas a cada 24 horas. Os caminhoneiros querem a suspensão da lei até que sejam construídos "pontos de paradas", onde os veículos possam permanecer em segurança.

A categoria também contesta pontos da Resolução 3658, da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que acaba com a carta-frete e a informalidade na discriminação de custos da contratação de autônomos por parte das transportadoras. Os trabalhadores pedem a suspensão temporária da norma, até que o sistema eletrônico de pagamento seja estruturado.

Os caminhoneiros também reivindicam pontos que garantiriam mais segurança nas estradas. Dentro as solicitações, estão a criação do Fórum Nacional do Transporte, a suspensão imediata da fabricação dos bitrens (composições rodoviárias com nove eixos), aprovação do estatuto dos motoristas, e criação em todo o país de delegacias especializadas em combater roubos de cargas.

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