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Tecnologia

Cartuchos do jogo do E.T. ensinam à indústria de games

Documentário resgata derrocada da Atari e alerta sobre cuidados na produção de jogos

Mark Wilson / Reuters |
Mark Wilson / Reuters (Foto: )

Todo mundo conhece essa lenda urbana: em 1983, a Atari teria enterrado milhares de cartuchos em um deserto do Novo México. Mais de 30 anos depois, a história se comprovou verdadeira, resgatada no documentário Atari Game Over (disponível para usuários de XBox). Lançado em novembro, o filme conta esse episódio ao mesmo tempo em que lança um aviso à atual indústria dos videogames.

Na época, a Atari era uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. Sua filosofia de trabalho, com ambiente descontraído, precede o que Google e Facebook aplicam hoje, só que com mais álcool e drogas. Os melhores profissionais da nascente indústria do entretenimento eletrônico produziam jogos que dominavam 100% do mercado.

Nenhum sonho era impossível para a Atari e o público confiava nela, comprando tudo o que a empresa lançava. Até que um extraterrestre invadiu seu parquinho de diversão. Produzido a toque de caixa para acompanhar o lançamento do filme, no Natal de 1982, E.T. era tão ruim, mas tão ruim, que mesmo o mais fanático dos fãs devolveu o jogo.

A devolução pelos consumidores foi seguida pelo estorno dos lojistas, e logo a Atari tinha nada menos que do 8,5 milhões de cartuchos encalhados. No documentário, Nolan Bushnell, um dos fundadores da empresa, admite. "O que mais poderíamos fazer além de enterrar aquilo tudo?"

O fracasso de E.T. foi apontado como o responsável pela quebra da Atari – informação negada pelos próprios cabeças da empresa, que apontam outros fatores, como a falta de profissionalismo no gerenciamento e uma certa arrogância no trato com o mercado.

Atari

Game Over mostra os perigos de se confiar tanto no próprio taco a ponto de entregar produtos que insultam a inteligência do consumidor – algo que nunca deixou de acontecer, é verdade, mas parece ter virado praxe nos últimos anos.

Jogos como SimCity, lançado em 2013, e Assassin’s Creed – Unity, em novembro deste ano, são exemplos de games feitos com pressa, sem o devido cuidado ou preocupação com o jogador. A exemplo do E.T. da Atari, o único objetivo parece ser o de vender a maior quantidade de cópias possível antes de o engodo ser descoberto. Com o agravante que E.T. foi feito em cinco semanas por um único sujeito (o pobre Howard Scott Warshaw).

Estaria faltando para a moderna indústria dos games seu próprio lixão de extraterrestres?

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