
A norte-americana Mead Johnson Nutrition, dona da marca Sustagen, acaba de fechar um acordo inédito com a cooperativa Castrolanda, da região dos Campos Gerais, para produção de um achocolatado pronto para beber a partir deste mês. O projeto foi desenvolvido exclusivamente para o Brasil e toda a cadeia de produção será feita na área da cooperativa paranaense.
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Contratos como esse vêm ganhando força nos negócios da Castrolanda.
Da origem, em 1951, com a produção de leite, a cooperativa passou por um processo de diversificação que inclui hoje uma aposta forte na industrialização para grandes marcas. Sem fazer alarde, a cooperativa já tem uma carteira de cerca de 20 clientes, entre eles Danone, AB Brasil (Ovomaltine), Pepsico e DMuller.
Em números
A receita com esse tipo de negócio somente no setor lácteo cresceu 36% no ano passado e deve ajudar a cooperativa a elevar o faturamento total de R$ 1,54 bilhão, em 2012, para R$ 1,7 bilhão neste ano. A meta, para 2014, é chegar a R$ 2,2 bilhões, segundo Marco Antonio Prado, diretor de operações.
Em um setor em que as cooperativas agrícolas vêm apostando cada vez mais no varejo com produtos de marca própria, a Castrolanda vem trilhando um caminho diverso. "Vimos uma oportunidade de crescer. Não temos nem escala e nem conhecimento logístico para concorrer com as grandes marcas já consolidadas no varejo. Por outro lado, havia uma preocupação, por parte dessas empresas, com custos crescentes e a rastreabilidade da produção. Assim, descobrimos que, se não podíamos concorrer, podíamos produzir para elas", diz.
O primeiro contrato foi fechado em 2005 para a produção de batata frita da marca Slice para o grupo DMuller. Em 2010, a cooperativa passou a produzir a sobremesa Danete para a Danone.
O interesse de grandes marcas pelo leite da região não é à toa. A alta qualidade e produtividade fizeram do município de Castro o maior produtor do país, com cerca de 210 milhões de litros em 2011, segundo o IBGE.
Investimentos
A Castrolanda, que tem 760 cooperados, produziu 207 milhões de litros no ano passado, segundo Prado. Com o crescimento dos lácteos, a cooperativa está investindo R$ 120 milhões na primeira unidade de beneficiamento de leite fora do Paraná, no município de Itapetininga, no interior de São Paulo.
A nova unidade, que deve ficar pronta em 2014, produzirá inicialmente 500 mil litros por dia, mas, em plena produção, esse número pode chegar a um milhão, segundo Prado. A ideia é que, em uma segunda fase, a produção inclua sucos, bebidas à base de soja e iogurtes e possa alcançar 2 milhões de litros por dia. O projeto é uma parceria entre a Castrolanda (60%) e a Batavo (40%).
Mead Johnson entra em mercado de R$ 1,8 bilhões
Com a parceria com a Castrolanda, a Mead Johnson vai disputar um mercado de bebidas lácteas prontas para beber que movimenta R$ 1,8 bilhão por ano, dominado por pesos pesados como Nestlé (Nescau) e Pepsico (Toddynho). A diretora de marketing da empresa, Daniela Degani, aposta no fato de a Sustagen já ser líder de mercado em complementos nutricionais infantis com 70% de participação para driblar a concorrência e ganhar espaço com a versão líquida do produto.
O Brasil é um dos principais mercados da companhia norte-americana, que obteve receita global líquida de US$ 3,901 bilhões em 2012, resultado 6% superior ao obtido no ano anterior.
Por aqui, a Mead Johnson tem fábrica em São Bernardo, no ABC paulista. O Sustagen Nutriferro será vendido em embalagens de 190 mililitros, com preço médio de R$ 2,60 e será distribuído, em um primeiro momento, em São Paulo, no Rio de Janeiro e na Região Sul do país.
Expectativa
A empresa não revela projeções de vendas do produto. Segundo Daniela, o embora o novo achocolatado se encaixe na categoria de bebidas lácteas com sabor, ele não terá concorrente similar, já que é feito com leite integral e não com soro de leite reconstituído como os atuais no mercado, além de possuir nível nutricional superior ao de seus concorrentes.



