Os primeiros números de 2012 mostram que este não será um ano fácil para a Argentina. Produção industrial em queda, retração da economia brasileira, aumento da inflação, colheita fraca de soja por causa de uma forte seca e afastamento dos investidores estrangeiros são alguns dos fatores que indicam um esfriamento da economia do país vizinho. Economistas independentes e consultoras apontam para crescimento de apenas 3,5% em 2012, metade do obtido em 2011 (7%). O FMI (Fundo Monetário Internacional) prevê 4%. "O país forçou muito o crescimento nos últimos anos, adotando uma política monetária muito expansiva. Isso se nota agora, com dificuldade para crescer devido ao novo cenário internacional e a questões pontuais internas", disse a economista Marina Dal Poggetto, da consultoria Bein.
A atividade industrial foi uma das primeiras a sentir a retração da demanda externa, principalmente do Brasil, seu mais importante comprador. Em abril, a produção de automóveis caiu 24%, devido à queda de 25% das vendas do setor ao vizinho do Mercosul. Hoje, a notícia da desvalorização do real, assim como o anúncio das novas travas do Brasil a produtos argentinos, causou forte repercussão. O dólar alcançou 5,28 pesos no mercado paralelo (ante 4,30 oficiais), o que tem forte impacto porque há fortes restrições para comprar o oficial.
A decisão da Casa Rosada de redobrar os controles no mercado cambial, reduzindo operações de compra de dólares autorizadas pela Afip (a Receita Federal local), não ajudou. Nos últimos dias, a maioria dos argentinos que tentou comprar dólar em bancos e casas de câmbio não conseguiu. A saída é recorrer às "cuevas" (cavernas), alimentando o paralelo. Outra opção é procurar um "arbolito" (arvorezinha), como são chamados os vendedores de rua. Rumores vêm aumentando o nervosismo no mercado. Além de especulações sobre a decisão do governo de acelerar a desvalorização do peso entre outros motivos, para manter a competitividade em relação ao Brasil surgiram versões sobre um sistema de câmbio diferenciado.



