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O Ministério do Comércio da China afirmou, nesta sexta-feira, que autoridades norte-americanas têm entrado em contato com Pequim para negociar um alívio na escalada recente de tarifas protecionistas impostas pelos dois países. Um porta-voz do ministério disse que “os Estados Unidos recentemente tomaram a iniciativa de repassar informações à China, por meio de agentes relevantes, e esperam conversar com a China”, acrescentando que “a China está, no momento, avaliando essa possibilidade”. As informações são do jornal Folha de S.Paulo e do site Poder360.
Nenhuma autoridade norte-americana confirmou o relato do porta-voz chinês até o momento. Nos últimos dias, ambos os países mencionaram a possibilidade de negociações – na semana passada, foi o presidente dos EUA, Donald Trump, quem disse que o ditador chinês, Xi Jinping, o havia procurado para falar das tarifas (o que foi negado pela China), e em outra ocasião o secretário de Estado, Marco Rubio, disse a um canal de televisão que “os chineses querem nos encontrar e conversar”. No entanto, segundo analistas ouvidos pela CNBC, nenhum dos dois países quer passar publicamente a imagem de ter sido o primeiro a ceder neste impasse.
A China foi o único país a não ter sido contemplado pelo alívio temporário no “tarifaço” anunciado por Trump no início de abril; enquanto as importações oriundas de todos os demais países estão sendo sobretaxadas em 10%, após um anúncio inicial de tarifas que chegavam a 50%, os produtos chineses estão entrando nos EUA com tarifas que podem chegar a 145% – em retaliação, as importações de itens norte-americanos que entram na China estão pagando 125%. Empresas norte-americanas cujas cadeias de produção incluem unidades fabris na China têm se queixado da guerra comercial; a Apple, por exemplo, afirmou nesta quinta-feira que as tarifas devem lhe custar US$ 900 milhões no próximo trimestre.
As autoridades chinesas aproveitaram o anúncio desta sexta-feira para criticar abertamente o governo Trump. “A guerra comercial e de tarifas foi iniciada pelos Estados Unidos, e eles deveriam demonstrar sinceridade nas conversas e prontidão para corrigir práticas erradas e eliminar tarifas unilaterais”, afirmou o porta-voz do Ministério do Comércio. Se isso não ocorrer, afirmou ele, “isso mostrará que os EUA não são sinceros, erodindo a confiança mútua entre os dois lados. Dizer uma coisa e fazer outra, ou mesmo tentar usar negociações como cortina de fumaça para coerção e chantagem, não funcionará aqui na China”. Por sua vez, Trump alega que a China manipula artificialmente o câmbio para se manter competitiva, e o país também é conhecido por suas condições de trabalho precárias, que reduzem os custos de produção.



