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Cidades inteligentes criam nova economia

Mercado de cidades inteligentes vai movimentar US$ 1 trilhão até 2016, segundo estudo da Pike Research: o futuro é logo ali | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Mercado de cidades inteligentes vai movimentar US$ 1 trilhão até 2016, segundo estudo da Pike Research: o futuro é logo ali (Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)

Em um futuro não muito distante, os sistemas de saneamento, iluminação, transporte e segurança estarão conectados à rede. Sensores irão identificar se o pedestre é portador de alguma necessidade especial e ampliar o tempo em que o semáforo ficará fechado. Cada cidadão poderá acessar, por meio de aplicativos de celular, uma série de dados que o ajudará a definir melhores rotas para chegar ao trabalho, desviar de congestionamentos e até mesmo achar vagas para estacionar. Será possível carregar seu celular por meio de energia solar no ponto do ônibus e até monitorar o consumo de água.

Soluções

Serão as chamadas smart cities, ou cidades inteligentes, cujo conceito mais amplo define o uso da tecnologia para melhorar a infraestrutura e tornar os centros urbanos mais eficientes e melhores de se viver. A ideia ganhou impulso nos últimos cinco anos e o esforço começa a criar um mercado bilionário, que envolve desde gigantes como IBM, Siemens e Microsoft a pequenos desenvolvedores e startups. Essas empresas vêm criando programas para resolver uma série de problemas das cidades – desde vazamentos de água até a poluição do ar e os engarrafamentos.

De acordo com pesquisa da Pike Research, o mercado de cidades inteligentes será de US$ 1 trilhão até 2016. Somente a receita gerada pela venda de soluções deverá subir de US$ 8 bilhões em 2014 para US$ 27,5 bilhões em 2023. "As cidades inteligentes estão formando uma nova economia", diz Marilia de Souza, gerente de Observatórios do Sesi/Senai/IEL da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). Segundo ela, o grande fluxo de dados permitirá mudar a forma como governo e cidadãos se integram à cidade.

A curitibana Dataprom, responsável pelo sistema de cartões do sistema de transporte de Curitiba, começou a testar, há duas semanas, um sistema de semáforos inteligentes, cujo sinal vermelho para os carros permanece acionado mais tempo para idosos e portadores de necessidades especiais poderem atravessar a rua.

A solução funciona com um sistema de cartões. "Em geral, o sinal fica fechado durante 12 segundos. Quando o pedestre usa o cartão, o tempo aumenta para 18 segundos. A população está envelhecendo. As cidades precisarão pensar soluções para esse novo cenário", diz Antenor Simões Júnior, gerente comercial da empresa. O teste está sendo feito próximo ao Estádio Couto Pereira, no Alto da Glória. Fundada há 25 anos, a Dataprom cresce 25% ao ano e espera elevar seu faturamento de R$ 70 milhões, projetado nesse ano, para R$ 100 milhões até 2015.

Geração de energia

Outra empresa a pegar carona na onda das cidades inteligentes é a Solar Energy, que espera multiplicar por dez o seu faturamento anual, de R$ 10 milhões, em cinco anos, segundo seu presidente, Hewerton Martins.

A empresa desenvolve projetos de geração de energia solar e já implantou o sistema do escritório verde da UTFPR no Rebouças e em um hotel no interior de São Paulo. Um dos sistemas da Solar Energy permite a geração de energia em pontos de ônibus. A energia pode ser integrada à rede da companhia elétrica e abastecer a publicidade no local e até possibilitar a recarga de celulares.

Até 2025, número de metrópoles inteligentes vai quadruplicar

O número de cidades inteligentes vai quadruplicar nos próximos 11 anos. Serão 88 metrópoles em todo o mundo contra 21 de 2013. A conclusão é de um relatório da IHS Technology. Ainda não há, porém, um conjunto de padrões globais que definam o conceito, mas o IHS usou como critérios cidades que desenvolvem ou estão testando a integração de soluções de tecnologias de informação e comunicação em três ou mais áreas funcionais de uma cidade.

Competitividade

"Em linhas gerais, as cidades inteligentes podem se desenvolver na área do governo, por meio de ferramentas de serviços e interação com a população, por meio dos cidadãos, com o uso de internet sem fio, equipamentos e aplicativos e por meio das empresas inovadoras, que desenvolvam novas plataformas" diz Gina Paladino, presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento.

Quanto mais inteligente, mais competitiva a cidade será para atrair mão de obra qualificada, empresas e investimentos, explica. "As cidades inteligentes e os novos modelos que elas estabelecem devem nortear o crescimento nos próximos anos."

Mas, com a falta de parâmetros globais de definição, os atuais rankings sobre as cidades inteligentes ainda são pouco confiáveis. "Dependendo do critério, uma cidade pode ser mais ou menos inteligente", diz Gina, ao lembrar o exemplo de Barcelona (Espanha) e Seul (Coreia do Sul).

"A primeira é referência na área de governo, a segunda na área de empresas", diz. Em Barcelona, por exemplo, a população pode visualizar em um mapa digital a localização exata do trem, táxi, metrô ou ônibus que deseja utilizar. Tudo por um aplicativo instalado no celular.

2 mil projetos voltados para cidades inteligentes são tocados pela IBM. Em Cingapura, Estocolmo e Califórnia, a empresa coleta dados sobre o trânsito e os processa com algoritmos para prever onde acontecerão os engarrafamentos uma hora antes que eles comecem. No Rio de Janeiro, a empresa construiu uma sala de controle no estilo da Nasa, onde diversas telas reúnem dados de sensores e câmeras localizadas em toda a cidade.

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