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Futuro promissor

Quem são os jovens expoentes da direita que devem se fortalecer nos próximos anos

Direita
O ex-presidente Jair Bolsonaro, à esquerda; o candidato à prefeitura de BH Bruno Engler e o deputado Nikolas Ferreira, à direita, em ato de campanha durante as eleições municipais (Foto: Lucas Mendes/Campanha Bruno Engler)

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Apesar de perderem as eleições municipais em suas respectivas cidades, o deputado federal André Fernandes (PL-CE) e o deputado estadual Bruno Engler (PL-MG) mostraram que a direita brasileira deve apostar em candidaturas mais jovens como estratégia eleitoral para os próximos anos. Ambos possuem menos de 30 anos e chegaram ao segundo turno contra candidatos mais velhos.

Nas eleições de 2024, Fernandes, de 26 anos, disputou a eleição para a prefeitura de Fortaleza contra o deputado estadual Evandro Leitão (PT), de 57, e ficou em segundo lugar. O candidato do PL recebeu 49,62% dos votos válidos, enquanto o petista obteve 50,38%. Em Belo Horizonte, Engler, de 27 anos, conquistou 46,27% dos votos, mas o atual prefeito Fuad Noman (PSD), de 77, recebeu 53,73% dos votos válidos e foi reeleito.

Ao comentar a situação da capital cearense, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) minimizou a derrota e ressaltou a idade de André Fernandes como algo positivo. “Fico muito feliz de ver uma jovem liderança de direita despontando no Nordeste”, disse Bolsonaro durante entrevista coletiva de imprensa no Senado, em 30 de outubro.

A expectativa é de que ambos disputem cargos em 2026. No caso de André Fernandes, o deputado federal afirmou que quer disputar o governo do Ceará nas eleições gerais, mas não poderá concorrer devido à idade. Em 2026, ele terá 28 anos. A legislação determina que o candidato a governador deve ter, no mínimo, 35 anos.

Após ser derrotado em Belo Horizonte, Bruno Engler ainda não comentou sobre seu futuro político. A expectativa, entretanto, é de que o parlamentar tente a reeleição à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) ou tente uma vaga na Câmara dos Deputados.

Centrão e direita avançam nas candidaturas jovens

Mas o que os números mostram sobre o desempenho da juventude de direita nessas eleições? De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Partido Liberal elegeu 331 vereadores entre 18 e 29 anos. Em 2020, a sigla havia conquistado 249 assentos nos legislativos municipais.

No quadro geral, entretanto, o Centrão predomina no número de vereadores jovens. Confira:

Vereadores eleitos de 18 a 29 anos em 2024:

  • MDB: 479
  • PP: 418
  • PSD: 391
  • PL: 331
  • União: 322
  • Republicanos: 271
  • PSB: 225
  • PT: 205
  • PSDB: 164
  • PDT: 130

Dentre o número obtido pelo PL, a eleição de Lucas Pavanato à Câmara Municipal de São Paulo se destaca. Com apenas 26 anos, o mais novo vereador da capital paulista recebeu 161.386 votos no último dia 6 de outubro. Na avaliação do presidente do PL Jovem, Evandro Araújo, a votação de Pavanato é considerada histórica para o partido e para a direita local.

“O Lucas Pavanato veio forte, ele é um jovem de posições muito firmes, sem dúvidas uma eleição histórica”, disse. Ele também comentou que as votações em Fortaleza e em Belo Horizonte reforçam a evolução do conservadorismo no país.

“Bruno Engler foi o deputado estadual mais votado da história de Minas Gerais, André Fernandes foi o deputado federal mais votado do Ceará. Ambos são jovens promissores e muito aguerridos. Não vejo como derrota, é apenas o começo. A força da juventude conservadora veio para ficar”, afirmou Araújo.

Avanço de candidaturas jovens é reflexo do empenho de Nikolas Ferreira

A participação do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) no processo eleitoral também é vista por analistas como um fator diferencial para o crescimento de candidaturas jovens no partido. Eleito vereador de Belo Horizonte em 2020, o parlamentar ganhou destaque nas redes sociais pelos posicionamentos conservadores e em defesa do então presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ao ser eleito como o deputado federal mais votado no Brasil, em 2022, Nikolas passou a trabalhar em pré-candidaturas do PL durante o ano passado e chegou a visitar diversas campanhas durante o pleito deste ano, como as de Engler, Fernandes e Pavanato. Além das candidaturas jovens, ele também apoiou candidaturas de pessoas mais velhas, como a do deputado federal Alexandre Ramagem (PL) à prefeitura do Rio de Janeiro.

Na avaliação do cientista político Juan Carlos Arruda, CEO do Ranking dos Políticos, Ferreira se destacou por captar a atenção pública e mobilizar apoio em torno de pautas conservadoras, estabelecendo um novo modelo de comunicação com o público jovem.

"Nikolas trouxe uma nova forma de se comunicar, usando as redes sociais de maneira eficaz, e serviu como inspiração para outros candidatos que compartilham dessa visão política", explica.

Arruda destaca ainda que essa tendência deve crescer e impactar os rumos da direita no país. Para ele, "a presença jovem continuará a influenciar e a tornar a política mais acessível para uma geração que antes se via alheia a esses espaços". Esse movimento, conforme Arruda, representa uma transformação importante para o cenário político brasileiro.

Esquerda tem estrutura centralizada em Lula; direita descentraliza com influência de Bolsonaro

A utilização de padrinhos políticos em candidaturas jovens é um movimento comum na política. Contudo, no caso de Lula e Bolsonaro, a abordagem entre esquerda e direita pode explicar os números de jovens eleitos nas câmaras municipais.

Segundo Adriano Cerqueira, cientista político e professor do Ibmec de Belo Horizonte, enquanto Lula aparenta preservar uma estrutura mais rígida dentro do PT, Bolsonaro parece optar por uma abordagem menos centralizadora, promovendo lideranças e abraçando a competitividade interna.

"Bolsonaro é mais generoso no endosso de candidaturas, em promover lideranças", observa, destacando o contraste com o ex-presidente Lula. "Lula é muito pouco generoso em lançar novas lideranças e vê qualquer crescimento como uma ameaça ao seu comando no PT", afirma Cerqueira.

Ele ainda explica que, na esquerda, "o partido é tratado como uma hierarquia, onde uma liderança se afirma e acaba se estabelecendo um culto a essa figura", enquanto, na direita, o ambiente tende a ser mais "concorrencial, sem uma demanda tão forte por controle rígido".

Ainda assim, Bolsonaro manifestou seu posicionamento na semana passada sobre seu papel na direita. Em coletiva de imprensa no Senado Federal, em 29 de outubro, o ex-presidente disse que um movimento de direita sem sua presença seria uma "utopia".

"Esses caras juntam quantas pessoas no aeroporto, num bate-papo em qualquer lugar do Brasil? Não sabem a linguagem do povo. É uma utopia. Todos que tentaram se arvorar como líder através de likes ou de lacrações nunca chegaram a lugar nenhum", afirmou Bolsonaro.

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