A centenária fábrica de bebidas Cini tem motivos históricos para entender que a sua marca, presente no imaginário paranaense, não é suficiente para sobreviver à concorrência de gigantes como Ambev e Coca-cola, ambas com unidades engarrafadoras instaladas na grande Curitiba.
Depois de passar por uma crise de quase uma década desencadeada pela chegada de garrafas pet, que reduziu custos mas acabou com a fidelização característica dos retornáveis a Cini investe para reconquistar os mercados do Sul e Sudeste com produtos de maior valor no mercado, como chás e sucos. Uma nova linha, específica para produção destas bebidas, recebeu investimentos de R$ 1,5 milhão este ano, e o objetivo é dobrar a produção atual da linha (não divulgada pela empresa) até o fim do ano que vem.
Apesar da concorrência acirrada, as seis comunidades no site de relacionamento Orkut que reúnem apreciadores de bebidas Cini são um termômetro da popularidade da marca entre paranaenses e até no interior de São Paulo, de onde vem o registro da comunidade "Gengibirra, néctar dos deuses". O apreço dos consumidores pelas tradicionais Wimi, Gengibirra e Gasosa Framboesa, no entanto, não tem sido suficiente para que a empresa possa alçar vôos mais longos.
A explicação dada pelo diretor Nilo Cini Júnior, que divide o comando da empresa com a irmã e dois primos (todos da quarta geração da família Cini), é que a empresa perdeu o momento exato de mudar a estratégia em um mercado em modificação. "Quando apareceram as embalagens pet demoramos para abandonar as garrafas de vidro e perdemos competitividade."
As embalagens pet ajudaram as pequenas empresas regionais de refrigerantes, que surgiram aos montes. A Cini, no entanto, achou que poderia, com os custos menores, chegar até regiões distantes. Hoje, o diretor tem certeza de que é inviável vender refrigerantes, ainda o principal produto da empresa, longe do Paraná. "O custo do transporte é muito alto. Se eu quiser vender a Gengibirra em Fortaleza, por exemplo, pago R$ 1,50 só para o transporte por fardo. Se tiver uma unidade produtiva para envazar o produto lá, o custo é R$ 0,60", calcula.
A expansão de unidades produtivas, no entanto, não está nos planos da Cini. O objetivo agora é conquistar clientes no interior e fora do estado com produtos mais competitivos como os chás e sucos. "É claro que vamos manter o cuidado com as tradicionais bebidas Cini, como a gasosa Gengibirra, por exemplo."
O erro de ter tirado o nome gasosa dos refrigerantes também não será repetido, segundo o diretor. Na década de 80, quando a Cini começou a vender refrigerante no Nordeste, a empresa tirou a denominação das embalagens, recolocado em 2003. "Hoje sabemos o que significa a palavra gasosa para as pessoas."



