
Os 18 cirurgiões cardiovasculares que solicitaram desligamento de dez das 22 Unimeds do Paraná entre dezembro de 2011 e a semana passada estão próximos de um acordo com a operadora do plano de saúde. É o que diz o presidente da Cooperativa dos Cirurgiões Cardiovasculares do Paraná (CoopCárdio-PR), Marcelo Ferraz de Freitas. Segundo ele, já ocorreram reuniões entre representantes da entidade e as singulares de Ponta Grossa, Londrina e Cascavel, e em Curitiba um encontro na tarde de hoje pode pôr fim ao impasse em torno do reajuste dos honorários da especialidade. "Esse encontro poderá deixar essa discussão sobre o aumento dos honorários bem próxima do fim", aposta.
Freitas revela que houve pré-disposição por parte das Unimeds em rever o aumento do pagamento dos honorários dos médicos. De acordo com a CoopCárdio-PR, a maior parte das singulares paga uma média de R$ 1,3 mil a R$ 1,8 mil por procedimento, enquanto que o valor ideal, segundo o que preconiza a Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, é de cerca de R$ 15 mil para uma equipe que envolve de três a quatro pessoas, normalmente.
O presidente da CoopCárdio-PR afirma que os valores de reajuste ainda não foram definidos. "Mas nós já sabemos que essa quantia de R$ 1,3 mil não vai continuar. Os honorários serão maiores", salienta o presidente da entidade. A última proposta da Unimed Curitiba foi de pagar entre R$ 5 mil e R$ 10 mil. A contraproposta da CoopCárdio foi de R$ 7,5 mil, com aumento escalonado até cerca de R$ 15 mil.
A Unimed Curitiba, via assessoria de imprensa, disse que está negociando diretamente com os 55 médicos da especialidade cooperados e não com a CoopCárdio-PR. O operadora também acredita que um acordo bom para ambas as partes esteja próximo.
Em Ponta Grossa, onde os quatro cirurgiões cardiovasculares vinculados à operadora pediram desligamento, a singular da Unimed solicitou um prazo máximo de 45 dias para um acordo. "Estamos buscando um acordo bilateral. Não queremos prejudicar os médicos. A solicitação de desligamento desses profissionais ainda não foi acatada. Tivemos uma conversa recente com a CoopCárdio-PR e acreditamos que tudo será resolvido", diz o diretor de Mercado e Desenvolvimento da Unimed Ponta Grossa, Nilson Roberto Santana. Ele afirma que durante esse período os usuários do plano permanecem sendo atendidos normalmente.
Em Maringá, onde dois dos cinco médicos da especialidade pediram para sair, as negociações também foram retomadas. Contudo, o cirurgião cardiovascular Aldo Pesarini, que possui clínicas em Maringá e Umuarama, disse que os honorários pagos pela Unimed da região equivalem à metade do valor pago pelo SUS (cerca de R$ 2,8 mil) e por isso vai sair do convênio. "Temos custos altíssimos e o valor pago pela Unimed é muito baixo. Tem casos em que precisamos até tirar dinheiro do bolso para pagar o Imposto de Renda. É inviável", reclama Pesarini.
Londrina refuta valores divulgados pela CoopCárdio-PR
A Unimed Londrina, por meio de uma nota oficial, contestou os valores que a CoopCárdio-PR têm divulgado como a média dos honorários pagos aos cirurgiões cardiovasculares: entre R$ 1,3 mil e R$ 1,8 mil por procedimento. Segundo a nota, o pagamento à equipe de cirurgia cardiovascular na região de Londrina por uma cirurgia de revascularização do miocárdio, uma das mais comuns do segmento, é de R$ 3,4 mil a R$ 6,8 mil. "Ao mesmo tempo, o SUS repassa à mesma equipe R$ 2,8 mil e o valor exigido pela Coopcárdio-PR vai de R$ 12 mil a R$ 18 mil conforme o contrato do cliente. A Unimed Londrina ainda espera manter diretamente com seus cooperados uma negociação justa, buscando a melhor remuneração possível", diz a nota.
No entanto, o médico Alexandre Noboru Murakami, cirurgião cardiovascular em Londrina, e outros quatro colegas já pediram o desligamento da singular. A Unimed teria solicitado que os médicos permanecessem até o fim de janeiro.
"O usuário que precisar pode contar com os profissionais de Londrina, ninguém ficará sem atendimento. Vamos realizar o procedimento que o paciente necessitar e depois reivindicamos da Unimed judicialmente", explica Murakami.
O médico afirma que realiza aproximadamente quatro cirurgias por semana, cerca de 16 por mês. E que recebe da Unimed entre R$ 1,5 mil aR$ 2,5 mil por procedimento para toda a equipe. "A equipe recebe a quantia que precisa ser repassada para três auxiliares, e mais um médico, umas quatro ou cinco pessoas envolvidas. Desse valor ainda tem de deduzir 27,5% do valor do imposto. Outros convênios pagam, em média, R$ 10 mil", ressalta.
Colaboraram Fábio Guillen, da Gazeta Maringá, e Suzan Cruz, do Jornal de Londrina.



