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A história nunca se repete da mesma forma, mas os apelos recentes de Barack Obama para que o Congresso aprove o limite de endividamento do governo inevitavelmente devem ter feito as lembranças de 1995 voltarem à tona entre muitos nos EUA. Naquela época, um conflito entre o então presidente democrata Bill Clinton e o Congresso republicano em relação à política fiscal resultou na paralisação do governo norte-americano durante quase 45 dias – entre 14 e 19 de novembro e novamente no período de 16 de dezembro daquele ano até 6 de janeiro de 1996. Isso ocorreu após Clinton ter vetado o corte de gastos proposto pelo Congresso. Em represália, os republicanos se recusaram a aprovar o limite de endividamento do governo, o que fez com que o Tesouro suspendesse o pagamento de compromissos de parte do governo para evitar que o país entrasse em default de sua dívida. Não houve calote, mas serviços públicos foram suspensos e servidores foram postos em licença.

Na época, os republicanos estavam tentando forçar Clinton a atender suas exigências de grandes cortes no Medicare – o atendimento público de saúde para idosos e inválidos. No dia 14 de novembro, uma grande parte das operações do governo federal foi suspensa. Na época, apenas os serviços considerados essenciais continuaram funcionando até que uma lei temporária aprovada pelo Congresso permitiu que o impasse entre os dois partidos fosse protelado. Como isso não resolveu o conflito, houve uma segunda paralisação antes do Natal até o começo de 1996.

Durante essas paralisações dos serviços públicos, a taxa de aprovação de Clinton despencou. Primeiramente, a população culpou o presidente pela interrupção dos serviços do governo, e só mais tarde transferiu essa culpa aos republicanos. Em 1996, Clinton foi reeleito. Nas urnas, quem pagou a conta da queda de braço em torno da elevação no teto da dívida do governo foram os republicanos.

Na época dessas paralisações, a proposta do governo Clinton era de um orçamento equilibrado, com base em uma série de mudanças já encaminhadas. Clinton salientava o fato de o governo dos EUA ter, na época, o menor déficit orçamentário proporcional entre as nações industrializadas. O então presidente se orgulhava de ter eliminado, até aquele momento, 200 mil postos de trabalho dentro da burocracia do governo e reduzido o porcentual de civis trabalhando em órgãos públicos para o menor nível desde 1933, antes do New Deal. Clinton foi, de fato, o presidente que, no pós-guerra, tirou os EUA do vermelho e entregou ao seu sucessor – George W. Bush – um orçamento superavitário e a dívida do Tesouro estabilizada.

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