O Natal passado marcou um grande festival de vendas de produtos da China, no mundo inteiro. Os chineses se prepararam para inundar os mercados e exportaram para todos os países.
Os números são inacreditáveis. As exportações em 2005 chegaram à casa dos US$ 700 bilhões. Seus preços são imbatíveis. A qualidade vem melhorando. A logística de entrega é sob medida.
Com isso, os superávits são gigantescos. Nos primeiros dez meses de 2005, o superávit comercial da China já era de US$ 80 bilhões. É bem provável que, até o fim do ano, tenha chegado aos US$ 100 bilhões!
A velocidade do crescimento material naquele país é um fenômeno sem precedentes. O que mais impressiona, porém, é a melhoria dos seus recursos humanos.
As notícias que chegam da China dão conta que o país está realizando uma enorme revolução cultural. O país investe pesadamente em técnicos e pesquisadores, colocando-os em laboratórios bem equipados e dando-lhes os estímulos necessários para avançarem na preparação da juventude.
Os números nesse campo são igualmente impressionantes. A população de estudantes em idade universitária que, em 1978, era de apenas 1,4%, hoje, é de 20%. A ênfase é nos ramos de ciência e tecnologia, considerados prioritários para a construção da infra-estrutura e da indústria. Só na área da engenharia, a China forma cerca de 450 mil engenheiros por ano e quase 50 mil mestres e 8 mil doutores. Isso vai aumentar muito nos próximos anos.
O país já possui mais de mil universidades e, com isso, realiza a maior expansão do ensino superior de todo o mundo. Em duas décadas, a China conseguiu matricular cerca de 20 milhões de jovens nas suas universidades, número superior aos 16 milhões dos Estados Unidos. O quadro de professores, a maioria formada nas melhores universidades do mundo, chegou a 850 mil, contra 1,1 milhão nos Estados Unidos ("O grande salto da educação chinesa", Estado de S. Paulo, 7/8/2005).
Se, nos dias de hoje, a China já é um competidor insuperável em várias áreas, o que será daqui a 15 ou 20 anos quando toda essa massa crítica estiver no mercado de trabalho?
Apesar das restrições que o mundo ocidental faz às práticas do vale-tudo chinês no campo dos negócios, não se pode deixar de reconhecer o potencial dos seus investimentos educacionais. Há um ditado chinês que diz o seguinte: "Se você deseja um ano de prosperidade, cultive grãos. Se você quer dez anos de prosperidade, cultive árvores. Se você deseja 100 anos de prosperidade, cultive gente". A China está seguindo isso à risca.
O crescimento chinês do próximo século está sendo determinado nos dias atuais com base na preparação do seu povo. Isso deve ser uma boa lição para o Brasil onde, infelizmente, uma pequena minoria usufrui um ensino de boa qualidade. Só conseguiremos competir e vencer se, além dos investimentos em grãos e árvores, investirmos em idéias.



