
A leve reação da indústria neste começo de ano é a cofirmação de que, se a economia não está de vento em popa, também não está na UTI. O problema é como fazer a retomada industrial ser sustentável.
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O setor é o que menos cresceu no pós-crise está mais ou menos onde estava no início de 2008. É também o que recebeu o tratamento mais direto das políticas de estímulo do governo. Há planos federais para a indústria desde os tempos de FHC. Lula tentou uma nova política industrial, reconfigurada por Dilma. Nada disso funcionou.
Uma ponta do problema está na abordagem dos impostos. A indústria não precisa ser competitiva localmente, mas globalmente. Para isso, reduções pontuais de impostos para setores escolhidos a dedo não adiantam. O setor ganharia mais com impostos mais simples, fáceis de recolher e que não tornem suas cadeias produtivas mais caras do que em outros países.
Outra ponta é a distorção no mercado de crédito. O Brasil tem um volume crescente de recursos cuja aplicação é decidida pelo governo, e não pelo mercado. Não é quem tem a fábrica mais lucrativa que consegue crédito barato, mas quem tem o melhor trânsito no BNDES. A ideia de que com isso criaríamos empresas "campeãs" não deu certo na prática.
Muita gente pode argumentar que a indústria estaria em situação pior se não houvesse crédito direcionado e benefícios fiscais. Acho difícil que isso seja melhor do que um sistema tributário mais enxuto e um mercado de crédito privado com menos amarras. O governo poderia se preocupar mais com educação básica, treinamento de mão de obra e apoio a indústrias de tecnologias nascentes. Sem isso, continuaremos em 2008 por algum tempo.
Subindo de nível
A Sanepar começou o processo para "subir de nível" na Bovespa. Ela quer passar para o Nível 2 de governança corporativa. A proposta recebeu o sinal verde na última Assembleia Geral da companhia, que agora terá de se adaptar às regras que dão mais garantias aos acionistas não controladores. No Nível 2, detentores de ações preferenciais recebem 100% do valor oferecido pelas ações ordinárias em caso de uma aquisição, por exemplo. Os papéis também passam a ter direito a voto em situações críticas. A mudança coincide com a proposta de aumento de capital da empresa.
Copa sem crescimento
A agência de classificação de riscos Moody's fez um relatório sobre os impactos econômicos da Copa do Mundo que poderia embasar um rating de "sem sal" para o evento esportivo. Os autores do documento não veem impacto relevante: os ganhos com o turismo e o consumo sazonal são pequenos diante do tamanho da economia brasileira e apenas compensariam horas de trabalho perdidas por causa dos jogos. A Copa também não foi considerada um grande motor de investimentos, já que boa parte das obras (atrasadas) de mobilidade seriam feitas de qualquer forma.
Reconhecimento
O Grupo Boticário foi listado como uma das "Empresas de Crescimento Global" no Fórum Econômico Global sobre a América Latina. O reconhecimento é uma forma de o Fórum mostrar que há na região marcas com crescimento forte e projeção internacional. O Boticário foi acompanhado de outras 15 empresas, sendo três brasileiras: Beraca Sabará Químicos, Rodobens e Empreendimentos Pague Menos.
Contra a inflação baixa
Enquanto o Brasil sobe os juros para conter a inflação, a Zona do Euro está em alerta contra a inflação baixa. Em março, foi de 0,5%. Nos 12 meses até março, diga-se. Um índice tão baixo que vai obrigar o Banco Central Europeu a dar mais estímulos monetários. A deflação poderia atrasar em anos a recuperação econômica da Europa, desestimulando o consumo e investimentos.
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