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Na próxima quarta-feira, o IBGE vai divulgar o índice de inflação de janeiro. Ele pode confirmar a nova percepção que está se firmando no mercado: a queda de preços é estrutural e forte o suficiente para os juros caírem muito mais do que se falava até dezembro.

Houve uma corrida curiosa nas duas últimas semanas, depois que o Banco Central reduziu a taxa de juros em 0,75 ponto percentual. Muita gente que apostava em um corte menor mudou rapidamente de lado, como se os números tivessem mudado de um dia para o outro.

Não mudaram. A inflação caiu muito no fim do ano passado por causa da recessão inédita que o país atravessa. Ela caiu apesar de a política fiscal do governo não estar ajustada ainda – no ano passado, ela foi expansionista, o gasto cresceu acima da inflação. Poderia ser um fator para segurar a inflação alta por mais tempo.

Só que a recessão já cobrou seu preço. O desemprego de 12% segurou salários e a melhora no clima domou os preços dos alimentos. Os choques causados pelo repasse dos preços represados no primeiro governo Dilma foram absorvidos. O que temos hoje é um quadro de imensa capacidade ociosa na indústria, câmbio claramente positivo para o controle de preços (e um saldo positivo na balança comercial que dá fundamentos a isso) e crédito ainda congelado.

Mas a maioria dos analistas só entendeu esse cenário quando o presidente do BC, Ilan Goldfajn, disse com todas as letras que estamos diante de uma janela para que os juros caiam em um ritmo forte. Ele não pode ser acusado de não demonstrar essa nova condição ao mercado –muita gente agora aposta que o próximo corte será de um ponto percentual.

A queda da inflação é a melhor notícia que podemos ter neste momento. O IPCA-15, prévia do índice oficial, foi o menor desde 1994 para o mês e seu acumulado em 12 meses já caiu abaixo de 6%. Sem surpresas, o indicador no primeiro semestre já deve caminhar para perto do centro da meta de 4,5%.

Com a desinflação, a queda no rendimento real, apesar do desemprego recorde, foi amenizada. Esse é um fator importante para o consumo, que também é influenciado pelo lado psicológico da queda inflacionária: a sensação de que o dinheiro está mantendo seu poder de compra melhora o sentimento do consumidor.

Uma melhora no otimismo, aliada a taxas de juros menores, pode começar a destravar negócios que estavam sendo segurados por causa do pessimismo. As prestações de financiamentos imobiliários, por exemplo, podem caber melhor em um orçamento doméstico mais previsível e estável.

A recuperação propiciada pela queda da inflação tem ritmo lento e devemos começar a ver seus efeitos no começo do segundo semestre. É quando também a liberação do FGTS já terá sido sentida. Sem nenhum grande choque externo, começamos a entender como a mais longa e profunda recessão da história do Brasil será deixada para trás.

Em alta

Vale

Depois de dois anos se reestruturando, a mineradora deve voltar ao lucro, com pagamento de dividendos aos acionistas. Neste ano, as ações da empresa já se valorizaram em cerca de 20%.

Em baixa

Montadoras

A indústria automotiva tinha esperança de já estar saindo do fundo do poço, mas os dados de janeiro vieram muito ruins. As vendas caíram 5% na comparação com o mesmo mês de 2016,

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