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Tesoura

O governo decidiu passar a tesoura nos gastos antes da aprovação do orçamento. Os cortes vão continuar porque essa economia é pouca ainda para se chegar à meta de superávit primário de 1,2% do PIB.

Em baixa

Setor automotivo

Os números fechados de 2014 são tristes. Queda de 7,1% nas vendas e de 15,3% na produção. Volkswagen e Mercedes começaram a onda de demissões que pode se espalhar para outras empresas do setor.

Foi um pouco constrangedor ver o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, ter que assinar uma nota desmentindo o que disse em sua posse. O governo transmitiu a imagem de que quem manda mesmo na economia é a presidente Dilma. Os ministros obedecem e ponto. Não importa o debate.

Barbosa disse apenas que o governo terá de mandar um projeto para o Congresso sobre o reajuste do salário mínimo. Nas entrelinhas, disse que a regra precisa mudar. Para quem conhece o que o ministro escreveu sobre o tema, é provável que a nova regra levasse em conta outro indicador no lugar do crescimento do PIB de dois anos antes (além da inflação, claro).

A mudança será necessária no futuro. A regra atual foi construída com a falsa premissa de que o crescimento do PIB é o mesmo que o crescimento da produtividade. O ideal para que se evite a inflação alta é que os salários aumentem de acordo com a produtividade, mas não é o PIB que indica isso.

Há um nó fiscal por trás do mínimo. Ele baliza as aposentadorias e outros benefícios sociais e, quando sobe, tem impacto direto no gasto público. Não é uma bomba-relógio neste momento porque a economia só vai voltar a crescer em 2016 e, pela regra atual, um reajuste maior só virá em 2018. O ministro teria escapado da bronca se levasse isso em conta.

No longo prazo o país terá de fazer esse debate. O aumento do mínimo acima da inflação teve um impacto positivo na economia, principalmente porque funciona como meio de redistribuição de renda. Ele perde essa função quando passa a ser um fator da aceleração da inflação. Por isso uma regra intermediária, que use outro indicador no lugar do PIB, pode cumprir a missão de distribuir renda sem exaurir as contas públicas a ponto de o déficit se tornar inflacionário.

Aí temos outro problema. A produtividade do trabalho no Brasil cresce de forma muito lenta. Um estudo do Insper aponta para algo um torno de 0,9% ao ano na década passada. Ela depende de melhorias na educação e na adoção de novas tecnologias que levam tempo. O debate, portanto, é bastante complexo e precisa começar.

Afonso Pena

A concessão do Aeroporto Afonso Pena à iniciativa privada até entrou na lista de receitas no projeto original de orçamento do governo federal, mas dificilmente vai sair neste ano. A prioridade da Secretaria de Aviação Civil (SAC) será a viabilização do plano para os aeroportos regionais. O governo terá de redigir uma nova medida provisória sobre o assunto, para viabilizar os subsídios às companhias aéreas. Enquanto isso, as obras prometidas para os aeroportos ainda não andaram.

Dólar

A divulgação do déficit comercial de 2014 não foi nenhuma catástrofe porque o câmbio deve ajudar o país a ter superávit já em 2015. O banco Itaú, por exemplo, projeta um saldo positivo de US$ 6 bilhões. Pouca gente aposta que o real vai voltar a se valorizar diante do dólar neste ano, já que as contas externas do país continuam bem no vermelho. Para muitos analistas, o ponto de equilíbrio do dólar está entre R$ 3 e R$ 3,20. É o necessário para o déficit do Brasil cair para níveis mais aceitáveis.

Energia

O governo começou o ano atrás de R$ 2,5 bilhões para fechar as contas das distribuidoras. Vai precisar de mais. Desde o início do ano, o sistema vem usando energia térmica paga pelo teto de R$ 322 por MWh (estipulado em uma canetada no ano passado). Mas o custo das térmicas está acima de R$ 600 o MWh. A diferença vai virar um encargo. Ou vai para a conta, ou vira ajuda do governo.

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