André é um jovem com uma carreira inteira pela frente, porém possui um grande "defeito" que o faz inferior a seus concorrentes profissionais no que diz respeito ao seu comportamento. Alguns o acham preguiçoso, outros dizem que ele é enrolado. Por onde passa, conquista uma legião de desafetos. Não é que ele brigue com as pessoas, mas sempre perde a confiança de todos por não conseguir entregar o que promete em tempo hábil. André não admite, mas o que ele possui é o que chamamos de procrastinação.
Procrastinação é o ato de adiar tudo o que pode ser feito já. Ou seja, a pessoa que possui essa característica não consegue pegar as coisas e, simplesmente, fazer. Pelo contrário, fica postergando suas ações até o máximo possível. Certa vez, André foi convidado a participar de uma sociedade. Ele já estava desempregado há alguns meses e um amigo dos tempos de faculdade o convidou para abrirem, juntos, uma produtora de vídeos. O rapaz demorou um pouco para se decidir e levantar o mínimo de dados necessários para definir o que fariam, porém conseguiu entregar um plano de ação a seu sócio.
Nos primeiros meses, enquanto montavam sua produtora, André se mostrava interessado, indo em busca de tudo que envolvia o empreendimento. Negociava com fornecedores, pesquisava em lojas do ramo os materiais dos quais fariam uso e se interessava em estudar o assunto para estar antenado às últimas tendências do mercado. Pouco mais de seis meses depois de terem decidido abrir a produtora, fizeram a inauguração com toda pompa que o evento merecia. Inclusive, desta organização André também participou.
Porém, com as portas abertas e chegada a hora de se tornar fornecedor, André começou a cometer um erro atrás do outro. Os clientes ligavam pedindo orçamento e ele sempre achava algo mais importante ou interessante para fazer antes do orçamento solicitado. Algumas vezes, ele chegou a marcar visitas, mas nunca comparecia no horário acertado, pois colocava milhões de prioridades na frente. Até que chegou um momento em que o rapaz preferia ficar de batepapo em programas de comunicação instantânea da web a ter que executar seus afazeres.
Não é que ele tinha preguiça de fazer as coisas, nem preferia ficar fazendo coisas mais prazerosas. O que ocorria é que quando ele via na agenda que tinha que fazer alguma coisa, não sentia a mínima vontade de fazê-la, independente do que fosse. Sempre encontrava outra coisa para justificar que não podia fazer aquilo e, ou deixava para fazer depois, ou pedia para alguém fazer em seu lugar.
Como consequência disso, os clientes começaram a não confiar mais nos trabalhos ofertados pela jovem empresa, o que era deveras ruim, já que havia acabado de ser inaugurada e precisavam, mais do que nunca, conquistar os clientes. O sócio de André começou a cobrar mais responsabilidade dele, chegando até a travarem severas brigas. E o que é mais curioso disso: André não enxergava o que estava fazendo, afinal sempre tinha boas desculpas para não ter executado seus afazeres.
A solução que encontraram de imediato foi um curso de administração de tempo. Porém, mesmo fazendo o curso, André não conseguia se sair bem, pois em suas regrinhas de organização de tempo sempre colocava outras coisas menos importantes ou até irrelevantes como prioridades. Seu sócio começou a perceber que não era preguiça ou má vontade da parte dele, pois ele estava sempre muito ocupado. Mas sim certo equívoco na hora de estabelecer suas prioridades. Infelizmente a sociedade não vingou, até mesmo porque a empresa logo foi à falência. Porém, o que mais me deixa preocupado é que até hoje André comete os mesmo erros, sem admitir ou perceber que os faz. Em todas as empresas que entra, logo é demitido por não dar conta de entregar as coisas dentro do prazo ou por perder o timing dos negócios.



