
O leitor Fernando quer se mudar. Ele está em busca de um apartamento que custe aproximadamente R$ 100 mil, para daqui a um ano. Juntos, ele e a noiva têm uma renda mensal de R$ 1,6 mil, sendo que R$ 1 mil estão reservados para as despesas do dia a dia. Problema: eles não têm nenhuma poupança.
Há um ponto a favor de Fernando. O crédito para habitação nunca esteve tão fácil no Brasil, e certamente há opções que irão caber no bolso. Pela sua renda, ele se enquadra no programa federal Minha Casa, Minha Vida, que concede subsídios para quem tem renda de até R$ 4,9 mil ao mês. Esses subsídios são maiores quanto menor é a renda do contratante, e o leitor deve entrar em uma das faixas mais beneficiadas. O economista Fábio Araújo, da consultoria Brain Bureau de Inteligência Corporativa, dá a dica: "Ele deve procurar um apartamento de dois quartos que se enquadre no Minha Casa, Minha Vida".
Esse programa vale apenas para imóveis novos e, na prática, as construtoras têm trabalhado o Minha Casa, Minha Vida para venda de imóveis na planta. Essa opção dá aos compradores a possibilidade de parcelar o valor da entrada enquanto o prédio está em construção o total precisa estar pago quando as chaves forem entregues. Araújo observa que algumas construtoras montaram planos em que o cliente paga parcelas baixas (podem chegar a R$ 50) durante a construção do prédio. "São estratégias desenhadas para pessoas que estão morando de aluguel e não podem se comprometer com parcelas altas", explica.
Mas Fernando tem alguma capacidade de poupança e um pouco de tempo, então pode até pensar mais alto. Se ele puder poupar R$ 600 por mês durante um ano, como diz, o economista acredita que ele terá condições de tentar um apartamento maiorzinho dois quartos com suíte ou um três-quartos pequeno. Ou pode começar o financiamento agora e poupar um pouco menos. Afinal, ele também terá de mobiliar a casa nova.
Quanto a onde guardar esse dinheiro, não há segredo: a boa e velha caderneta de poupança dá conta do recado, com as suas conhecidas vantagens: liquidez (ou seja, você pode sacar a qualquer hora), isenção de imposto e a ausência de valores mínimos para investir. O importante é a disciplina de guardar dinheiro todos os meses, tendo em mente que o objetivo o apartamento novo vale o esforço.
A caderneta
Ainda há quem torça o nariz quando se fala em poupança, mas a verdade é que investidores mais qualificados estão olhando para ela com carinho. Segundo dados do Banco Central, em fins de 2008 havia 3.822 correntistas com saldo em poupança superior a R$ 1 milhão. No apagar das luzes do ano passado, eram 4.980 um crescimento de 30,3%.
FGTS
Ah, o Fernando esqueceu de dizer se tem algum valor guardado no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Quando se trata de comprar imóvel, ele faz uma tremenda diferença.
O preço da prosperidade
Quase todos os dias, quando saio de casa pela manhã, fico admirado com a quantidade de carros nas ruas. Para onde vai tanta gente? E por que com tanta pressa?
Segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), em março foram vendidos 337.381 carros e comerciais leves no Brasil. Nos três primeiros meses do ano, já foram 750.500. Sinal de vitalidade econômica, de que o Brasil venceu a crise, de que os brasileiros estão tendo acesso a crédito.
Sim, é algo que deve ser mesmo comemorado. Mas há um problema nisso, que deveria levantar preocupação no poder público: estamos prontos para a prosperidade? Em outras palavras, nossas ruas comportam o crescimento do número de carros, as normas de emissão de poluentes são suficientemente rígidas para impedir que os índices de poluição cresçam com a frota? Deixando um pouco de lado os automóveis eles são um bom exemplo, mas não o único , as empresas de energia e saneamento estão prontas para atender à demanda de milhares de novos clientes, em seus loteamentos e edifícios recém-construídos? O que vamos fazer com o lixo tecnológico que geramos, agora que somos o quarto mercado do mundo para computadores?
Esse não é um problema local. É preciso investimento pesado para que os sintomas da prosperidade não enterrem o bem estar dos brasileiros. Quem vai investir?
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