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Quem era criança nos anos 70 ou 80 do século passado deve lembrar da obsessão pelo ano 2000. O número redondo e a ideia da virada do milênio mexiam com a cabeça das pessoas. Das visões mais utópicas (carros voadores estavam entre as ideias mais populares) às mais pessimistas (destruição nuclear, presente em diversos filmes da época, de Mad Max a O dia seguinte), tudo poderia acontecer até o ano 2000.

É claro, nada de tão drástico aconteceu. Mas a virada do século trouxe muitas mudanças inesperadas – por maior que fosse a imaginação, quem, em 1980, pensava em algo como a internet?

Sim, o tempo traz mudanças. E você deve levar isso em conta quando pensa em seus investimentos.

Sérgio, leitor aqui da coluna, está preocupado com o futuro. Em especial, como o futuro de seus filhos gêmeos, que têm hoje 5 anos de idade. "Hoje cada um tem em torno de R$ 4 mil na poupança", ele conta. "Temos guardado mensalmente R$ 100 para cada." O objetivo é que, lá pelos 18 anos, eles tenham dinheiro suficiente para custear os estudos ou para iniciar um negócio.

Garantir o futuro dos filhos é uma preocupação de muita gente, por isso imagino que a questão que Sérgio traz vai interessar a uma multidão de leitores. Antes de construir uma resposta, entretanto, creio que é importante fazer uma advertência: não se esqueça do seu próprio futuro. É da natureza dos pais preocupar-se em reservar recursos para seus filhos, porém mais importante do que isso é guardar dinheiro para a velhice – uma época quem que você não poderá mais trabalhar e, possivelmente, terá uma saúde frágil. Há gente que não esquenta a cabeça com isso e que, quando a idade chega, torna-se dependente dos mais jovens. Feita a ressalva, vamos adiante.

Uma das dicas mais frequentes em casos como esse, Sérgio, é concentrar recursos em ações. Costuma-se dizer que, quando o prazo é longo, as ações (aplicações de renda variável, como se diz em financês) sempre dão bons resultados. O economista Fábio Araújo, sócio da consultoria Brain Bureau de Inteligência Corporativa, discorda. "Se você tirar o dinheiro na alta, ganha uma boa rentabilidade. Mas se precisar resgatar quando o mercado está em baixa, vai perder. Está fora do seu controle", observa.

Por isso, ele aconselha que Sérgio – e outros investidores em situação semelhante – não se deixe levar pelo entusiasmo. "Se eu fosse investir em ações em uma situação como essa, iria preferir o tipo de empresa que vai render pouco, mas que vai continuar existindo daqui a 15 ou 20 anos", observa. Todos os dias empresas podem ser compradas ou vendidas, e seus segmentos de atuação vão mudando, com a evolução das tecnologias. Como ocorreu entre 1980 e 2000, para voltar ao exemplo que citei acima.

Olhe, por exemplo, para a lista das empresas com as ações mais valorizadas nas bolsas brasileiras na semana que se encerrou em 20 de agosto de 1993: Telerj, Petrobras, Mendes Júnior, Vilejack e Olvebra. Dessas, apenas Petrobras continua na bolsa. Já a Telerj passou por muitas transformações. Foi dividida – em 1993 ainda não havia operadoras separadas de telefonia móvel – privatizada, aglutinada com outras companhias para formar a Oi.

Pensando nisso e na facilidade para investir e acompanhar resultados, Araújo aconselha o investimento em fundos de previdência privada. Eles contam com vantagens tributárias – ou seja, cobrança diferenciada de impostos, conforme o tipo de aplicação – e um grau de segurança superior, inclusive, a outros setores do sistema financeiro. Mesmo em caso de falência da seguradora por meio da qual a aplicação, os fundos continuam existindo, sem prejuízo, e podem ser assumidos por outra companhia.

E agora?

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