
Tempos atrás aprendi um modo prático de manter um controle mais eficiente das despesas pessoais. Estava em um almoço com mais umas dez pessoas, entre adultos e crianças, e quando a conta chegou um dos presentes, um médico, pagou a sua parte e então pegou o celular um desses smartphones modernos, que parecem mais um computador de bolso e começou a apertar botões. Ele explicou que estava anotando os gastos da refeição, e que mais tarde copiaria os números para a planilha eletrônica onde está todo o orçamento da família. Ele acostumou-se a registrar todas as despesas superiores a R$ 10,00.
Meu colega de mesa havia descoberto por onde o dinheiro escorria entre os dedos: aquelas pequenas despesas do dia-a-dia, que, por serem de baixo valor, a gente até se esquece no que gastou. Acredite: elas são um dos maiores vilões das finanças das famílias. Manter uma vigilância sobre esses desembolsos é especialmente importante naqueles casos em que é necessário reduzir gastos, mas parece não haver mais de onde cortar.
Minha experiência pessoal: esses gastos são difíceis de detectar porque eles costumam estar escondidos no extrato do banco ou na fatura do cartão de crédito. Todas as semanas, por exemplo, faço saques no caixa automático para pagar a diarista que faz a faxina lá em casa. Os saques sempre superam o valor da diária, para que eu fique com algum dinheiro no bolso. O problema é que eu não costumo anotar os meus gastos, e assim nunca sei exatamente para onde vai essa diferença. Quando essa imprecisão vai para a calculadora, o resultado é a desagradável sensação de que a conta bancária tem um saldo menor do que deveria. O que fazer?
Confesso que não tenho a receita. Quase sempre me parece avareza tomar nota de quanto eu gastei num café com colegas do jornal ou tomando água de coco com a família em um parque. Mas tenho me esforçado para registrar esse dinheirinho nas contas da casa.
A tecnologia atual nos dá algumas alternativas. Muitos de nós temos smartphones e palms que permitem fazer o controle in loco e depois sincronizá-lo com uma planilha no computador de casa. Há ainda a possibilidade low tech de manter uma caneta e um retalho de papel no bolso para esses casos. Funciona tão bem quanto, e custa bem mais barato.
Votorantim
É engraçado que toda a imprensa trate a compra de metade do Banco Votorantim pelo Banco do Brasil como um simples negócio, deixando de lado o fato de ser uma operação de salvamento de um grupo privado. O grupo Votorantim, alguns devem se lembrar, perdeu R$ 2,2 bilhões com maus negócios com derivativos no auge da crise o banco, é bom que se explique, é perfeitamente saudável: a barbeiragem financeira foi das outras empresas do grupo.
O dinheiro estatal que entra no caixa da família Ermírio de Moraes vai aliviar o caixa do grupo, mas vai pesar para o BB. O diário Valor Econômico divulgava ontem que o Banco do Brasil terá de emitir títulos para que os R$ 4,2 bilhões que serão desembolsados ao todo na compra de metade do Banco Votorantim não afetem sua capacidade de conceder empréstimos. Ou seja: vai aumentar sua dívida.
O presidente Lula falou sobre o negócio ontem, dizendo que foi feito para injetar ânimo na indústria automobilística. "Não tínhamos expertise em veículos usados", disse. Esse é um segmento onde o Votorantim realmente opera com sucesso. Mas o argumento não se sustenta, porque o negócio veio a público ainda em outubro, um mês antes de a crise chegar às revendas de carros.
Nada contra o histórico empreendimento dos Ermírio de Moraes, que já conta 90 anos de idade e tem um significado simbólico para o capitalismo brasileiro. Mas é sempre melhor contar a história toda.
Emprego
O IBGE deve divulgar hoje os dados sobre o emprego na indústria em novembro. A estatística já deve incluir alguma coisa dos efeitos da crise, embora não a parte mais crua esta só deve aparecer no mês que vem, quando o instituto anunciar os dados de dezembro (há sinais de que, na economia como um todo, algo como 600 mil vagas tenham sido fechadas no mês passado). Mas já deve haver números bem ruins. A tabela ao lado mostra a evolução de janeiro a outubro.
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