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Veja no gráfico a variação das taxas mensais de juros do cartão de crédito |
Veja no gráfico a variação das taxas mensais de juros do cartão de crédito| Foto:

Os juros do cartão de crédito no Brasil são um espanto: praticamente não mudam há anos. Eram de 10,34% ao mês há três anos, em janeiro de 2008. Estão em 10,69% ao mês agora, em janeiro de 2011. Essa é a maior taxa desde os 10,70% ao mês, registrados em junho de 2000. De lá para cá a taxa básica, a Selic, subiu, desceu, voltou a subir. A inadimplência também teve seus altos e baixos. Esses são os principais custos que compõem esse preço – é bom lembrar: os juros são o preço que bancos e financeiras cobram para emprestar dinheiro a alguém, por isso seguem (em teoria) a mesma regra econômica que rege a venda de laranjas e pés de alface na feira livre. Por que então ele não se mexeu?

É que a demanda não para de crescer. O brasileiro está deixando de usar cheques, e o cartão é o substituto escolhido por todos. Segundo estimativas da Asso­ciação Brasileira das Empre­sas de Cartões de Crédito e Servi­ços (Abecs), o número de cartões ativos no país cresceu 13% no ano passado, atingindo 153 milhões de plásticos. O volume de transações cresceu mais: 16%, chegando a 2,9 bilhões de operações (cada compra feita com cartão é contada como uma operação). E o faturamento cresceu ainda mais: 21%, somando R$ 309,3 bilhões em 2010. O que significa que, além de haver mais cartões no mercado, o número e o valor das transações feitas com eles estão aumentando.

Num mercado em que a de­­man­­da não para de crescer, como parece ser o caso (de 2000 a 2010, o faturamento dos cartões subiu de R$ 45,7 bilhões para os R$ 309,3 bilhões citados acima, um salto de 576%), não há por que diminuir o preço. "O banco não se importa com isso. Ele já está cobrando bastante, e quem quiser que use o cartão", resume José Ronoel Piccin, conselheiro da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Ad­­mi­­nistração e Contabilidade (Anefac), organização que faz desde 1995 um levantamento com os juros cobrados nas diversas modalidades de crédito. "O banco não vai chegar ao detalhe de fazer uma sintonia fina desses números, ele não tem razão para isso."

Há razões adicionais para os bancos se sentirem tão à vontade em manter os juros altos. Não há competição – normalmente, você usa o cartão oferecido pelo banco do qual é correntista, porque trabalhar com bancos diferentes daria trabalho demais. Assim, não há comparação entre as taxas, e o cliente fica sem base de comparação. "E mesmo que o consumidor fizesse comparações, acho que não faria diferença, porque há certa uniformidade entre as taxas", opina Piccin.

Amanhã nós saberemos as novas taxas de juros básicas do país, a Selic. O mercado é quase unânime em apontar que elas vão subir, e isso deve ter algum reflexo para os juros pagos ao consumidor. É provável que os juros de empréstimos pessoais subam um pouco, assim como o do crediário das lojas – esse movimento, aliás, já está sendo antecipado, porque outras modalidades de crédito estão encarecendo paulatinamente desde outubro. Do cartão de crédito, pouco se deve esperar.

Pague em dia

Felizmente, há uma maneira bem simples de escapar dos juros venenosos do cartão: basta pagar a fatura em dia. Nunca, de jeito nenhum, sob nenhuma justificativa, deixe de pagar o valor integral da conta no vencimento. O tal "pagamento mínimo" é uma armadilha, porque o valor restante corrigido cresce muito rápido. Além disso, existe um efeito psicológico no uso do cartão, que contribui para confundir o consumidor. Como ele não tira di­­nheiro da carteira, pode ter a impressão que o cartão é indolor, e fazer gastos sem fazer contas.

Fora isso, o cartão de crédito é um instrumento muito interessante para organizar as finanças. A ideia de concentrar vários pagamentos na mesma data simplifica o fluxo de recursos, e ainda há a possibilidade de obter algum benefício adicional, como milhas aéreas.

Sinuca

Será que o Banco Central vai fazer alguma coisa para conter a entrada de dólares que deve vir depois que o Copom elevar os juros, o que deve ocorrer amanhã? Ou será que vai permitir que o real continue a se valorizar?

A novela do câmbio anda quase tão emocionante quanto foi o fim de Passione, na semana passada.

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