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E não é que a caderneta de poupança deu ganho real em 2016? Quando saíram os números da inflação do ano passado, na quarta-feira (11), as instituições financeiras e consultorias começaram a fazer as contas para ver quais foram as aplicações e ativos que renderam mais que o IPCA. E a caderneta não se saiu tão mal: deu ganho real de 1,9%. Foi o melhor resultado desde 2006.

Ficaram para trás ouro (perda real de 17,5%), dólar (-21,4%) e euro (-23,9%). Esses três têm uma razão para terem ficado para trás. Eles são reservas de segurança, e haviam subido na esteira da crise política que vinha mexendo com o Brasil desde 2015. Quando ocorreu a mudança de governo, eles desinflaram.

Os números do ano passado não querem dizer que a caderneta tenha se tornado um bom investimento. Ela é muito mais uma forma de (tentar) evitar a perda do poder de compra do dinheiro que uma forma de multiplicá-lo. Na verdade, sua trajetória é errática, conforme mostra o infográfico: nos quatro anos inteiros em que está em vigor a medida provisória 567/2012, ela perdeu duas vezes e ganhou duas. Para quem não lembra, a MP alterou as regras das cadernetas.

As antigas, abertas antes de 4 de maio de 2012, rendem a Taxa Referencial de Juros (TR) mais 0,5% ao mês (ou seja, 6,17% ao ano). As novas, abertas daquela data em diante, têm uma espécie de gatilho: têm o mesmo rendimento quando a taxa de juros Selic estiver acima de 8,5% ao ano; quando a Selic fica em 8,5% ou menos, elas passam a pagar 70% da Selic mais a TR.

O economista Jorge Luís Prado, professor da FAE e com larga experiência no mercado bancário, observa que a regra dos 70% deve corroer os ganhos da caderneta no futuro. Nesta semana, o Banco Central reduziu a Selic de 13,75% ao ano para 13%. “Na medida que a gente caminha de volta para uma Selic de um dígito, a tendência é de rendimentos bem menores”, diz.

Mesmo assim, a velha poupança tem fãs. Prado conta que conheceu milionários que deixam seus recursos em cadernetas e não trocam por nada, mesmo confrontados com números que mostram as vantagens de outras aplicações. Argumentam que as outros ativos podem se desvalorizar ou que seu dinheiro pode sumir. Alguns perderam dinheiro em ocasiões anteriores, como o terrível Plano Collor, outros ouviram histórias de gerações anteriores. Muitos tiveram inícios humildes e não querem pôr em risco as economias de uma vida. “O cara da poupança nem olha para o retorno, isso não o atrai. É como o cachorro mordido por cobra, que tem medo até de linguiça”, diz.

Prado aponta que esses investidores podem topar diversificar usando outras aplicações conservadoras, como os títulos do Tesouro Direto, Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), fundos pré-fixados e CDBs.

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