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A pesquisa de preços feita pelo IBGE para o Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA), divulgada na semana passada, mostra que os custos de comunicação subiram 0,48% neste ano em Curitiba. Não é um número ruim – a inflação global, por aqui, acumula 1,59%. Mas a variação de um subítem chama a atenção: o acesso à internet subiu 9,72%.

Acesso à internet não é nenhum feijão com arroz. Seu preço tem peso bem pequeno na composição do índice. Este, é bom explicar, é baseado no orçamento das famílias, que é pesquisado periodicamente pelo IBGE a fim de corrigir distorções e adaptar o indicador às mudanças nos padrões de consumo da população. Em Curitiba, toda a área de comunicação equivale a 5,57% do IPCA, sendo que a maior parte vem dos gastos com telefone fixo. As despesas com acesso à internet têm impacto pouco superior a 0,1%, inferior ao da maçã e praticamente igual ao da carne de peixe (feijão e arroz, juntos, somam 0,6% do índice mensal). A última atualização do índice é de 2006, quando as conexões de banda larga nem eram tão populares assim. É possível que um novo levantamento mostre mudanças nesse perfil, elevando a participação de itens eletrônicos, incluindo despesas com celulares.

Você encontra casas de classe média que não têm arroz e feijão na despensa. Embora sejam a base consagrada da dieta brasileira, eles têm substitutos nas gôndolas. Mas dificilmente haverá um domicílio dessa faixa de renda sem acesso à internet, principalmente se a família tiver filhos jovens. Não há serviço equivalente.

As famílias concordam em pagar o preço da modernidade por entender que a internet é essencial e que uma pessoa sem intimidade com a rede não conseguirá, por exemplo, obter um bom emprego. É o conceito de "abismo digital", muito comentado uns dez anos atrás e hoje bastante absorvido pela opinião pública: quem não for capaz de manipular as formas de comunicação da era das redes será marginalizado na sociedade do século 21.

O tal abismo dificilmente será vencido enquanto o serviço for caro e lento como é o brasileiro. O governo e os fabricantes de computadores sabem disso, e por isso tem tanta importância o tal Plano Nacional de Banda Larga que está em gestação em Brasília. A tendência é que, em algum momento no futuro, seja impensável comprar um computador sem ter o serviço de acesso à rede, e vice-versa. Um não vive sem o outro.

Diversão

Os mesmos números do IBGE mostram que:

• os serviços de tevê a cabo subiram 4,99% este ano;

• os ingressos para cinema aumentaram em 5,58%;

• as entradas para jogos de futebol ficaram 4,51% mais caras.

É, está cada vez mais difícil se divertir hoje em dia. É por essas e outras que tanta gente usa a internet para baixar filmes piratas e episódios de séries. Por esse ponto de vista, o investimento numa boa conexão à internet é um investimento que se paga. Uma pena que, na maior parte das vezes, isso ocorra no território da ilegalidade.

Sobrevivência

Um amigo está renegociando um financiamento que sua empresa fez com um grande banco nacional. As discussões têm sido tensas e ele tem observado que a política da instituição é dura demais para o tamanho do problema – até o momento ele só atrasou uma parcela do débito. Muitas pessoas físicas também têm percebido isso, e o problema é que, quanto mais rígida a negociação, mais difícil quitar. Os bancos (ou os gerentes encarregados de negociar) parecem não perceber que empresa quebrada é inadimplência certa.

Datacueca

O site da revista americana Kiplinger, especializada em finanças pessoas e aconselhamento de investimentos, fez uma lista de indicadores insólitos sobre a retomada econômica. O número 1 era a venda de roupa de baixo para homens. De acordo com a publicação, há uma relação direta entre os índices de desemprego e o mercado de underwear: quanto mais difícil achar emprego, mais os homens adiam suas compras. Em 2009, diz a Kiplinger, as vendas caíram 2,5%. O mercado começa a se estabilizar apenas neste início de 2011.

Alguém por aí sabe como estão as vendas de cuecas no Brasil?

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