O João Paulo escreveu para a coluna com uma dúvida importante: ele pretende comprar um imóvel até junho de 2017, e quer saber se há chance de os preços baixarem nos próximos meses.
Nos últimos anos, o preço dos imóveis no Brasil vinha aumentando por uma conjunção feliz de fatores, em especial o aumento geral da renda do brasileiro, a queda no desemprego e o aumento na disponibilidade de crédito. Tudo isso veio abaixo em meio à crise que passamos. Ela derrubou muito dos indicadores e, sobretudo, abateu a confiança do consumidor brasileiro.
Como é um investimento de grande valor e longo prazo (ninguém compra imóvel para vender no mês seguinte, e boa parte das vendas é financiada em prazos que podem chegar a 30 anos), a confiança é fundamental para fechar negócios no setor imobiliário.
Com a tal crise, de 2014 para cá os negócios ficaram mais difíceis. Incorporadoras e imobiliárias não gostam de falar em queda de preços, porque não querem desvalorizar os ativos em que investiram milhões e que demoraram anos para sair do papel. Preferem falar em descontos ocasionais e “bônus”. Mas o fato é que os preços recuaram de lá para cá.
Esta queda está mais ou menos estancada, porque muitas empresas chegaram ao seu limite. Além disso, o número de lançamentos está próximo de zero há quase dois anos, o que significa que há menos imóveis novos no mercado e que a oferta está mais ou menos estável. Com isso, a relação entre demanda e oferta desloca-se, indicando alta de preços. Até agora, essa alta é discreta: segundo o Índice FIpezap (que é falho, principalmente no que se refere aos dados de Curitiba, mas é um dos poucos indicadores desse mercado), os preços em Curitiba subiram 4,61% neste ano, menos que a inflação.
Essa é a mesma conclusão a que chegou o Banco Central, em uma análise do mercado da cidade de São Paulo, divulgada no mês passado: “A comparação entre a evolução do IVG-R [Índice de Valores de Garantia de Imóveis Residenciais Financiados, um indicador do BC que mede os empréstimos dados aos bancos para as construtoras] e do INCC [Índice Nacional da Construção Civil, que acompanha os custos do setor] sugere que o aumento recente nos preços dos imóveis se deveu, em especial, a descasamento entre oferta e demanda”.
O que isso quer dizer? João, os preços tendem a subir um pouquinho, buscando equiparar-se à inflação. Se você tem dinheiro e ele está investido, provavelmente estará se valorizando mais que o preço dos imóveis. Então você pode sair às compras sem medo, desde já. Escolha com tranquilidade e negocie bem. Se você tem dinheiro, nesse caso, tem poder.
Escreva!
Mande dúvidas ou sugestões para financaspessoais@gazetadopovo.com.br.
Deixe sua opinião