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Cada vez mais popular, o Tesouro Direto ainda gera muitas dúvidas nos investidores. E mais ainda nos candidatos a investidores, que não são poucos. Segundo relatório da Secretaria do Tesouro Nacional, até o fim de julho o número de investidores ativos cresceu 54,4% nos últimos 12 meses.

O leitor pode ver o aumento na procura pelo Tesouro Direto como extremidade de uma gangorra. Na outra está a caderneta de poupança, cujo saldo global encolheu R$ 15,6 bilhões só neste ano (de janeiro a agosto), uma redução de 2,3%. Pode parecer pouco, mas é algo bastante relevante se você levar em conta o perfil desse público, formado principalmente por pequenos poupadores. A maioria dos pequenos segue na poupança, mas quem tem valores um pouco mais altos e pretende manter o dinheiro investido por algum tempo encontra um bom instrumento no Tesouro.

Em termos de risco, para os pequenos, eles podem ser mais ou menos equivalentes. O Fundo Garantidor de Crédito (que não é governo, mas uma espécie de condomínio formado por todos os bancos do país) garante que quem tiver até R$ 250 mil depositados vai receber seu dinheiro mesmo que o banco quebre -- essa não é uma garantia específica da poupança, mas para todas as contas bancárias. Já o Tesouro Direto tem garantia do governo federal. Quando você compra títulos do Tesouro, basicamente está emprestando dinheiro para o governo. O prazo e os juros são a condição desse empréstimo.

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A diferença é que a poupança é extremamente simples em seu funcionamento: você coloca o dinheiro lá e recebe um rendimento mensal, pago na data de aniversário da caderneta. Fim de papo. Não há escolhas a fazer, o modelo é um só. A remuneração é pequena? Com certeza. Mas esse também é o preço da simplicidade. O Tesouro Direto tende a ser um pouquinho mais complicado porque o indivíduo precisa escolher qual título quer e o prazo da aplicação, entre as tantas opções que são ofertadas. Quem entra também precisa entender que, caso não fique na aplicação até o vencimento do título, revende o papel ao governo a preço de mercado, o que quer dizer que a rentabilidade não será a mesma que consta na definição do título.

Uma das perguntas mais comuns -- e eu ouvi essa do Rogério, na semana passada -- é a seguinte: o que é melhor agora, títulos pré-fixados ou pós-fixados?

Rogério, depende. Depende do seu jeito de investir, do que você pretende para o dinheiro. Mas, principalmente, depende de como você acha que serão os próximos tempos na economia brasileira. Em geral, os juros tendem a ser mais baixos quando a economia vai bem, e mais altos quando há problemas -- inflação ascendente, por exemplo, demanda juros maiores para a controlar. Então, se a economia brasileira melhorar, os juros tendem a cair. Se piorar, tendem a aumentar. Hoje as principais instituições financeiras e consultorias estimam que os juros básicos (a taxa Selic) vão se manter em 14,25% ao ano até o fim deste ano e, em 2016, recuar para 12%.

Há muito mais coisas envolvidas, mas, simplificando bastante, quando você escolhe um título pré-fixado, você está dizendo a si mesmo que está contente com essa remuneração e que imagina que os juros vão cair no futuro. Assim, você “trava” esse ganho agora. Há dois tipos de papéis pré-fixados, o Tesouro Prefixado (antiga LTN) e o Tesouro Prefixado com Juros Semestrais (NTN-F).

Já a escolha pelos papéis pós-fixados embute a expectativa de que qualquer coisa pode acontecer. Então você escolhe uma forma de se manter atualizado em qualquer cenário. Se você acha que a inflação está fora de controle, escolhe o Tesouro IPCA+ (antiga NTN-B), que paga a variação do IPCA mais juros. Se acredita que os juros ainda podem subir, fica com o Tesouro Selic (a LFT).

As escolhas dos investidores pode servir como indicador de como o país está “sentindo” essa tendência. No relatório com dados de julho, o Tesouro relata que 60,2% do estoque de títulos está nas duas modalidades pós-fixadas regidas pela inflação. As modalidades pré-fixadas somam 21% do estoque. O Tesouro Selic responde por 18,3%.

Mas, neste finzinho, queria dizer uma coisa: não deixe que nenhum colunista ou guru tome decisões financeiras por você. Pense nas suas necessidades, na forma como vê o país, e escolha com convicção.

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